quarta-feira, 23 de setembro de 2009

COMO MANTER-SE ÍNTEGRO EM MEIO À CORRUPÇÃO - DANIEL 6. 1-24



INTRODUÇÃO

Estamos vivendo uma crise de integridade sem precedentes no mundo. Mudam os governos, mudam os partidos, mudam as leis, mas a corrupção continua instalada em todos os segmentos da política nacional e internacional. As CPI’s destampam os esgotos nauseabundos da mais repugnante corrupção, onde transitam desavergonhadamente as ratazanas esfaimadas que mordem sem piedade o erário público. Os escândalos se multiplicam. Políticos sem escrúpulo se abastecem das riquezas da nação e deixam os pobres de estômago vazio.

A falta de integridade na família é outra triste realidade. A fidelidade conjugal está ameaçada. A multiplicação dos divórcios por motivos banais são proclamados como uma conquista. O Brasil celebra como motivo de orgulho o hospedar a maior parada gay do mundo (1,5 milhão em São Paulo).

Não bastasse, impera ainda em nosso mundo, a falta de integridade moral. Integridade é ser e fazer o que você disse que seria e faria. Você prometeu que seria fiel ao seu cônjuge. Você prometeu orar com os seus filhos e por eles. Você prometeu buscar em primeiro lugar o Reino de Deus. Você prometeu ser santo. Integridade na escola, no namoro, no casamento, no comércio, na vida financeira, nas palavras, nos acordos.

Cito alguns exemplos bíblicos de integridade; José foi íntegro ao preferir a prisão à liberdade do pecado. Jeremias preferiu a prisão à popularidade. João Batista foi íntegro ao preferir perder a cabeça a perder a honra. Há pessoas que são íntegras numa área, mas vulneráveis noutras: Davi era um homem íntegro, mas caiu nas malhas da sedução do adultério. Geazi era leal a Eliseu, mas vendeu a sua alma por causa de dinheiro.

Infelizmente essa falta de integridade não é de hoje, Daniel também foi vítima da corrupção política de seu tempo, levado à cova dos leões acusado de infligir a Lei do Império uma vez que decidiu buscar a face do seu Deus. Com base nessa rápida introdução tomando por base a vida de Daniel, quero meditar contigo sobre o tema: COMO MANTER-SE ÍNTEGRO NO MEIO DA CORRUPÇÃO;

I. DANIEL UM HOMEM ÍNTEGRO NUM MEIO ENCHARCADO DE CORRUPÇÃO – v. 1-6
“Diante disso os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em sua administração governamental...” v.4a

A Babilônia tinha caído, um novo império tinha se levantado, mas os homens que subiram ao poder continuavam corruptos do mesmo jeito.

O absolutismo do Rei no Império Babilônico mudou para a descentralização do poder no Império Medo-Persa. O regime de governo mudou, mas não o coração dos homens. É um grande engano pensar que as coisas vão mudar para melhor em virtude das mirabolantes promessas dos políticos. Mudam-se os partidos. Mudam-se as figuras, mas o espírito, a cultura do aproveitamento é a mesma.

Dario estava preocupado com o problema da corrupção. Por isso constitui 120 prefeitos e 3 governadores. Constituiu fiscais do erário público. Mas aqueles que deveriam vigiar, fiscalizar, se corrompem. As riquezas caem no ralo dos desvios. A corrupção estava instalada dentro do palácio, nas rodas mais altas do governo de Dario.

A vida de Daniel nos mostra que é possível ser íntegro mesmo cercado por um mar de lama de corrupção;

“... mas nada conseguiram. Não puderam achar nele falta alguma, pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente.” v. 4b.

Daniel mantém-se íntegro a despeito do ambiente. O homem não é produto do meio. Daniel não vende sua consciência. Ele não negocia os seus valores absolutos. Ele não se corrompe.

A base da sua integridade é sua fidelidade a Deus. A espiritualidade de Daniel é o alicerce da sua fidelidade diante dos homens. A sua fé é a pedra de esquina da sua moralidade privada e pública. Os amigos de Daniel apagaram as chamas do fogo pela fé. Agora, Daniel fecha a boca dos leões pela fé.

Nesse versículo observamos que a vida de Daniel nos prova que um homem pode permanecer íntegro mesmo quando é vítima de uma conspiração.

O v. 4 nos informa que eles procuravam uma “ocasião” para acusar Daniel. Essa palavra significa aqui pretexto, um motivo. Procuraram também uma brecha na sua vida. Então, tentam pegá-lo no seu ponto forte.

As circunstâncias adversas não alteram as convicções de Daniel. A promoção e a honra dos íntegros incomodam as pessoas invejosas. “Cruel é o furor, e impetuosa, a ira, mas quem pode resistir à inveja?” (Pr 27:4).

Porque Daniel era fiel a Deus, ele era fiel ao seu senhor. Porque era diferente dos outros líderes, foi perseguido e conspiraram contra ele para matá-lo. Ilustração: Chico Mendes, os fiscais do Ibama foram mortos por fazer o que é certo.

Os inimigos queriam afastar Daniel do caminho deles. Mas como? Atacando a vida moral nada encontraram, então, conspiraram contra ele na sua religião.

A vida de Daniel nos ensina que a mesma pessoa que bajula é aquela que também maquina o mal contra os justos – v. 5-9.

Sabendo que Daniel era um homem de oração, bajulam o rei Dario, elevando-o ao posto de divindade por um mês. O projeto trazia como isca a exaltação e lealdade ao rei. Mas a intenção era outra. O rei tornou-se refém de seu próprio decreto. E assim, sentenciaram de morte o homem de confiança do rei. Além da bajulação, usaram a mentira (v. 7). Incluíram Daniel nessa jogada, quando ele era o alvo dessa trama.

As atitudes de Daniel provam que um homem pode ser íntegro tanto na adversidade como na prosperidade

Muitos fraquejam quando passam pelo teste da ADVERSIDADE. Daniel foi íntegro quando chegou na Babilônia como escravo. Ele resolveu firmemente não se contaminar. Agora ele passa pelo teste da PROSPERIDADE. Foi primeiro ministro da Babilônia e agora é um governador do Reino Medo-Persa. Sua integridade é a mesma. Ele não se deixa seduzir pela fama nem pela riqueza. Ele é um homem absolutamente confiável.

A integridade nem sempre nos ajuda a granjear amigos. Gente íntegra é uma ameaça ao sistema de corrupção. Daniel incomodava a equipe de governo de Dario.

Um estudante que não cola é uma ameaça para sua classe. Um funcionário incorrupto é uma ameaça para o sistema. Uma jovem que não transige em seu namoro é vista como alguém antiquada. Um comerciante íntegro é uma ameaça para o sistema de propinas.

Daniel prova também que a integridade implica em você fazer o que é certo quando ninguém está olhando ou quando todos estão transigindo.

Uma pessoa íntegra procura agradar a Deus mais do que aos homens. Ela não depende de elogios nem muda a sua rota por causa das críticas. Uma pessoa íntegra cumpre com a palavra empenhada e seu aperto de mão é melhor do que um contrato. Daniel mantém-se íntegro apesar de haver uma debandada geral no governo de Dario. Sabia que sua integridade o tornava impopular diante dos outros líderes, mas sua consciência está cativa pelo Senhor.

As lições que tiramos sobre a questão da integridade de Daniel para aplicarmos em nossa vida são;

Piedade não é um impedimento para a grandeza e promoção. Daniel na Babilônia e José no Egito são notáveis exemplos dessa verdade. Erram aqueles que se corrompem para subir os degraus da fama. Deus é quem promove. Ele exalta e também humilha. Ele estabelece reis e depõe reis.

A importância absoluta da verdadeira religião. Seus inimigos não encontraram nenhum falta no caráter de Daniel. Ele era fiel, corajoso, piedoso. Seu alvo era agradar a Deus mais do que aos homens.

A profundeza da depravação humana. Eles odeiam Daniel não porque ele pratica o mal, mas porque ele pratica o bem. Eles bajulam e se tornam hipócritas para alcançar o fim que desejam a morte de Daniel. Eles agem em surdina. Eles maquinam nos bastidores. Eles tramam na escuridão.

Quando você se torna mais fiel, você pode ser ainda mais perseguido – As trevas aborrecem a luz. Os que andam na verdade perturbam os que vivem no engano. O íntegro é uma ameaça aos corruptos.

II. DANIEL UM HOMEM QUE PREFERE A MORTE A TRANSIGIR COM SUA INTEGRIDADE – V. 10-17

“Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado foi para casa, para o seu quarto no andar de cima... e ali fez o que costumava fazer; três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus.” v.10.

Percebemos que Daniel não muda a sua agenda de integridade ao saber que estava sentenciado à morte.

Daniel foi perseguido não por ser corrupto, mas por ser íntegro. Tramaram contra ele para afastá-lo do poder. Os íntegros incomodam. Dario caiu na armadilha da bajulação e tornou-se refém de suas próprias leis. E seu homem de maior confiança, Daniel, foi sentenciado à cova dos leões por causa de sua irretocável integridade. Daniel não foge, não transige, mas continua orando ao Senhor como costumava fazer (v. 10). As circunstâncias mudaram, mas não Daniel. Aprendeu a ser íntegro na mocidade. E jamais mudou a sua rota. Mesmo como ancião, prefere a morte a transigir com sua consciência.

Na verdade, a verdadeira cova dos leões de Daniel foi o seu quarto. O quarto de Daniel foi o seu Getsêmani. Ali certamente foi tentado. Sabia que poderia ser destroçado pelos leões para não perder o seu testemunho. O diabo prefere que preservemos nossas vidas e percamos nosso testemunho.

Certamente ele deve ter sido tentado a transigir ao se ajoelhar para orar: “Por que não facilitar as coisas? Veja sua posição de privilégios que goza. Pense na influência que continuará exercendo, se transigir só nesse ponto. Assegure seu futuro. Não ore a Deus em público só durante este mês. Ore secretamente em seu coração, se quiser, mas por que fazê-lo como sempre fez? Certamente você será notado e perderá tudo, inclusive a vida”.

Daniel foi denunciado. Preso. Jogado na cova dos leões. Sua integridade não o livrará da inveja, da fúria, da astúcia e da perseguição dos corruptos. Mas Deus estará com você lhe sustentando no seu quarto de oração, e fechando a boca dos leões. Mesmo que você morra por causa da sua integridade, você ainda é bem-aventurado, porque são felizes aqueles que sofrem por causa da justiça!

Daniel enfrenta a conspiração de seus inimigos não com armas carnais, mas com oração (v. 10-11). Dario assina uma sentença irrevogável. A lei é maior do que o rei. Dario caiu na arapuca da lei e da ordem. Não havia motivo para acusar Daniel, então arranjaram um. Ao fim, os culpados seriam inocentes e Daniel seria morto pelas mãos do próprio rei, um inocente.

O destino de Daniel está lavrado. Sua sentença de morte foi assinada.

Como Daniel enfrenta uma situação humanamente irreversível? Ele ora. Como ele ora? Do mesmo jeito que sempre orara. Não muda a postura, nem o lugar, nem o conteúdo da oração.

Sua oração é constante; Daniel tinha o hábito de orar. Ele não suspende sua prática de oração quando foi informada que as circunstâncias eram desfavoráveis a ele. As circunstâncias mudaram, mas Deus não.

Sua oração é regular; Daniel ora três vezes ao dia (Sl 55:17). Ele não se esconde nem diminui seu ritmo de oração. Se não agendarmos nossa vida de oração, não vamos orar. Tudo aquilo que é importante para nós, vai para a nossa agenda.

Sua oração é confiante; “Ele orava com a janela aberta para as bandas de Jerusalém”. Ele acreditava na promessa de 1 Reis 8:46-49, quando o templo foi consagrado. Ele ora com fé. Ele sabe que Deus pode intervir. Ele já tinha experiências com Deus.

Sua oração é corajosa; Ele abre a janela como costumava fazer. Ele não se preocupa em fechar a janela. Ele sabe que é Deus quem nos livra. Dele vem o nosso socorro.

Sua oração é cheia de gratidão; Daniel está sentenciado de morte, mas agradece a Deus em sua oração.

Sua oração é cheia de intensidade; Daniel não apenas orou e deu graças, ele também fez súplicas. Ele pôs toda a intensidade da sua alma no seu clamor a Deus. Súplica é oração com forte grau de intensidade.

Daniel, um homem poupado não dos problemas, mas nos problemas, veja os vv. 11-17

a) A descoberta (v.11) – Os orquestradores contra Daniel encontram-no orando.

Era tudo que eles precisavam para levar adiante o plano de matá-lo.

b) A informação (v. 12-15) – A informação está cheia de veneno: 1) Acentua o preconceito, falando de Daniel como um exilado depois de 70 anos de integridade de Daniel como o homens mais importante do governo. 2) Acrescentam um fato falso, que Daniel não fazia caso do rei. 3) Ressalta que tanto Daniel como o rei haviam sido vítimas de uma trama.

c) A execução (v. 16,17) – Essa era a forma mais cruel de sentença de morte no reino Medo-Persa. Babilônia matava numa fornalha. O Reino Medo-Persa na cova dos leões.

d) O livramento (v. 18-23) - Você não pode evitar que os homens maus tramem contra você, mas você pode orar e Deus pode frustrar o propósito dos ímpios. Os perversos não contavam com a intervenção de Deus, com o livramento do anjo do Senhor. Daniel faz questão de ressaltar que era inocente diante de Deus e do rei.

III. DANIEL UM HOMEM QUE É HONRADO POR DEUS POR CAUSA DA SUA INTEGRIDADE – V. 18-28

Quando cuidamos da nossa integridade, Deus cuida das nossas causas. Daniel não podia administrar a orquestração dos seus inimigos, nem fazer o rei retroceder, nem mesmo se recusar a ir para a cova dos leões. Ele não podia tapar a boca dos leões. Mas ele podia manter-se íntegro. Ele podia orar. Ele podia colocar sua confiança em Deus. Isso ele fez. Cabe a nós manter-nos fiéis. Cabe a nós velarmos pelo nosso testemunho. Cabe a nós honrar a Deus com a nossa vida. Cabe ao Senhor nos livrar das garras do inimigo.

Daniel creu em Deus e o anjo fechou a boca dos leões. Daniel creu em Deus e o Senhor defendeu a sua reputação.

Quando cuidamos da nossa integridade, Deus defende a nossa causa contra os nossos inimigos ( v. 24 ), Daniel saiu da cova dos leões. A maldição dos seus inimigos caiu sobre a cabeça deles. Daniel foi exaltado e honrado, enquanto seus inimigos foram desmascarados e destruídos.

Outra verdade explícita nesse texto é que, quando cuidamos da nossa integridade, Deus nos exalta (v.28). Daniel viu a Babilônia cair. Daniel foi promovido no reino de Dario e também no reino do seu sucessor Ciro, o persa. Deus honra aqueles que o honram. Deus é quem exalta e quem também humilha.

Quando cuidamos da nossa integridade o nome de Deus é exaltado. Nós podemos encontrar uma base para isso nos vv.26-27. Mais do que Daniel, o nome de Deus é que foi proclamado e exaltado em todo o império Medo-Persa. O fim último da nossa vida é glorificarmos a Deus. Devemos viver de tal maneira que os homens vejam as nossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus.

Dario exalta a Deus dizendo:

1) Ele é o Deus vivo;
2) Ele é o Deus eterno que vive para sempre;
3) Seu reino jamais será destruído;
4) O domínio de Deus jamais terá fim;
5) Ele é o Deus que livra, salva e faz maravilhas;
6) Ele é o Deus que livrou Daniel.

CONCLUSÃO

Daniel é um dos muitos exemplos de integridade que encontramos na Bíblia que nos ervem de exemplo e de motivação para perseverarmos na árdua jornada da vida cristã. Temendo somente à Deus, e se algo vier nos fazer desviar desse foco, façamos como Daniel, continuemos a servir a Deus da mesma forma que antes.

Buscando a sua face e certos de que Ele tanto pode nos salvar como também cabe a Ele a decisão de nos fazer perecer. O que importa é que tudo quanto Deus faz é com o único objetivo duplo de abençoar os seus filhos e engrandecer o seu santo Nome.

Não importa quão tamanha é tua adversidade; teu Deus é maior. Quão terríveis e maldosos sejam os teus inimigos; teu Deus permanece fiel. Quantas angústias te causam as calunias e injurias; o teu te exaltará na hora certa.

Pense na possibilidade de Daniel ter sido preservado da prisão. Não haveria o milagre de fechar a boca dos leões e a vergonha dos seus inimigos.

Meu querido, deus sabe o que faz e como faz. Cabe a você e eu tão somente sabermos nos portar diante dessas adversidades. Tal como Daniel, mantenhamos a nossa integridade custe o que custar, fortifiquemo-nos em oração, na certeza de que o Deus de Daniel, o nosso Deus é fiel para nos livrar e nos dá a vitória para a glória do seu santo Nome. AMÉM!?

Seminarista Járber SOUSA
Vargem Grande Paulista - SP
23 de Setembro de 2009


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