terça-feira, 23 de março de 2010

JOSUÉ, O PROGRESSO ESPIRITUAL DE UM LÍDER - Josué 1



INTRODUÇÃO:

Embora Josué, filho de Num, seja o personagem central do livro que leva o seu nome, ele era conhecido por Moisés muito antes de ser escolhido como o seu sucessor. Num certo momento, o grande legislador determinou um homem da tribo de Efraim, cujo nome era Oséias, mudou seu nome para Josué (Nm 13.16; cf. Dt 32.44). Oséias significa “Salva!”; Josué quer dizer “Javé é salvação”. Este ato refletiu o discernimento de Moisés em reconhecer em seu sucessor a figura cujas habilidades militares seriam o símbolo da libertação que Javé daria a Israel quando lutassem contra os inimigos de Canaã.

Falar de liderança eficaz equivale a falar de Josué. Um líder por excelência que mesmo sem estar num mar de rosas, trilhou os mesmos passos daquele a quem acompanhou durante muitos anos a ponto de ser designado sucessor de um grande libertador e legislador.

Cabia a Josué agora, não só acompanhar um grupo de escravos recém libertos ou simples grupo de nômades errantes pelo deserto. Deus já havia preparado todo o cenário para cumprir o momento mais esperado da promessa feita aos pais dessa nação, a posse da terra de Canaã. Josué que já atuara não só como auxiliar e guardião de Moisés, agora assumiria a frente de uma nação inteira fazendo-a lutar e tomar posse do que lhes fora prometido.

Todo o trajeto da vida desse grande estrategista de guerra e líder hebreu nos motiva a buscar em seu proceder princípios relevantes ao santo ministério de liderar.

Trilharemos desde os passos de Josué antes de ser visto como o futuro sucessor de Moisés, passando pela experiência do seu chamado até chegarmos ao ponto final de sua vida. E acredite cada parte da sua vida, encontramos inúmeras lições que devemos aplicar à nossa atuação como líderes e representantes de um povo escolhido por Deus, na certeza de que o mesmo Deus que agiu com Josué da mesma maneira que agiu com Moisés, é o mesmo Deus que vem ao nosso socorro dando-nos os aparatos necessários para procedermos segundo o seu querer.

À luz dessa compreensão te convido a refletir comigo um pouco sobre JOSUÉ, O PROGRESSO ESPIRITUAL DE UM LÍDER;

1. JOSUÉ, ANTES DO SEU CHAMADO – Êx 17.9-13

O nome de Josué aparece pela primeira vez num contexto militar. Foi numa batalha travada pelos hebreus depois que saíram do Egito. Os amalequitas ameaçavam os israelitas. O filho de Num (Josué) foi o guerreiro que levou o povo à vitória, quando lutou em favor de Moisés. Ele selecionou o exército, batalhou e venceu o inimigo. Representava todo o Israel, quando liderava o povo na batalha;

“Então Moisés disse a Josué, escolha alguns dos homens e lute contra os amalequitas... Josué foi então lutar contra os amalequitas conforme Moisés tinha ordenado” vv.9,10

“E Josué derrotou o exército amalequita ao fio da espada. Depois o SENHOR disse a Moisés; escreva isto em um rolo, como memorial, e declare a Josué que farei que os amalequitas sejam esquecidos para sempre debaixo do céu” vv.13,14

Como “auxiliar" de Moisés, subiu com ele ao monte Sinai (Êx 24.13). Sua preocupação quanto ao bem estar de Moisés o manteve afastado dos conflitos movidos por ciúmes e inveja que cercaram o grande legislador durante os anos no deserto. Em Números 11.28 essa preocupação fez com que ele protestasse contra alguns israelitas que profetizavam sem o reconhecimento de Moisés;

“Josué filho de Num, que desde jovem era auxiliar de Moisés, interferiu e disse; Moisés meu senhor, proíba-os”! Mas Moisés respondeu; você está com ciúmes por causa de mim?...”

Josué foi um dos doze espias enviados para conhecer Canaã (Nm 13.16) dez deles voltaram com um relatório negativo, de acordo com o qual seria impossível o povo conquistar a terra. Somente Josué e Calebe disseram que o lugar era bom e possível de ser conquistado (Nm 14.1-10). Uma praga ceifou a vida dos dez espias incrédulos. Josué e Calebe foram os únicos, de toda aquela geração de israelitas, que receberam uma promessa de entrar na terra e receber uma herança ali (Nm 14.6,30 e 38);

“Josué filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que haviam observado a terra, rasgaram as suas vestes... (v.6). Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num... (v.30). De todos os que foram observar a terra, somente Josué, filho de Num e Calebe, filho de Jefoné, sobreviveram (v.38).”

Esta bênção, bem como a associação prévia com Moisés, proporcionou o pano de fundo para as referências remanescentes de Josué no Pentateuco. Tudo isso enfatiza o papel dele, como sucessor de Moisés, na liderança do povo na terra prometida.

Como vimos amados, Josué surge no cenário de Israel como um soldado de guerra que numa batalha travada, sob o poder de Deus conquista a vitória. Como auxiliar do grande legislado, ocupou-se em cuidar do seu líder visando o seu bem e como um dos doze espias enviados à Canaã foi um dos dois a confiar inteiramente na promessa do SENHOR. Pelo que foi um que juntamente com Calebe entrou na terra da promessa, enquanto todos os outros morreram no deserto.

Como nos portamos na nossa jornada ministerial? Será se dependemos inteiramente de Deus esperando o momento certo em que o SENHOR nos levante para então podermos cuidar do seu rebanho, ou nos precipitamos e às forças queremos subir os degraus do ministério sem mesmo passarmos pelas árduas experiências da liderança?

Que seja o nosso agir como o de Josué, sempre aos pés de um grande líder. Como diz certo pensamento; “Eu aprendi, que a melhor escola é aos pés de uma pessoa idosa”. Com isso, o sucesso de Josué não poderia ser outro senão o de um grande líder a ficar no marco da história do povo hebreu, não como o grande libertador do seu povo da terra do Egito, mas como o grande conquistador da terra da promessa feita ao seu povo.

Tenhamos em mente queridos, que tudo o que aconteceu em favor de Josué foi o fato dele está sempre aos pés do seu senhor, Moisés, temendo e servindo o mesmo Deus. Isso fez com que, no fim da liderança de Moisés, o SENHOR lhe ordenasse comissionar Josué, como o seu sucessor.

“Josué, também atravessará à frente de vocês, conforme o SENHOR disse.” Dt 31.3

2. JOSUÉ, E SEU CHAMADO - Dt 31.3,7 e 8

“Então Moisés convocou Josué e lhe na presença de todo o Israel: Seja forte e corajoso, pois você irá com este povo para a terra que o SENHOR jurou aos seus antepassados que lhes daria... o próprio SENHOR irá à sua frente e estará com você, ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!” (vv.7,8).

É óbvio que não há melhor referência quanto ao chamado de Josué do que o primeiro capítulo do seu livro. Mas o que eu quero ressaltar aqui, é exatamente a semelhança dos conselhos de Moisés com as ordens de Deus bem como das promessas feitas nas duas referências, de Deuteronômio 31 e de Josué 1.

Perceba que o momento de Josué chegou. Moisés por ser velho de mais se sentia incapaz de continuar conduzindo o povo; “Estou com cento e vinte anos de idade e já não sou capaz de liderá-los.” (Dt 31.2). tal circunstancia propiciou a ascensão de Josué ao cargo de sucessor do grande legislador.

Como prova de que a responsabilidade não era cabível a qualquer um, tanto Moisés quanto o SENHOR lhe ordena que tenha coragem, força e ânimo. Na certeza de que o SENHOR estaria com ele, sem abandoná-lo nem desampará-lo.

Porém, não foi o simples fato de Josué auxiliar Moisés desde moço, pois certamente havia muitos outros homens que já haviam auxiliado o grande líder. Não foi o fato de Josué conquistar grandes batalhas, pois com ele, haviam também soldados bem capacitados para tramar estratégias de guerra e vencê-las.

A razão principal que levou o SENHOR a comissionar Josué como sucessor de Moisés, está bem explicito no texto abaixo;

“Ora, Josué, filho de Num, estava cheio do Espírito de sabedoria porque Moisés tinha imposto as suas mãos sobre ele. De modo que os israelitas lhe obedeceram e fizeram o que o SENHOR tinha ordenado a Moisés.” Dt 34.9

O Espírito de sabedoria que estava sobre ele. Este foi o fator que contribuiu para que Josué fosse não somente um mero substituto de um grande líder, mas um grande conquistador de uma grande terra para um grande povo. Sem a sabedoria vinda da parte de Deus por meio das mãos de Moisés, Josué seria apenas mais um. Porém, por sua perseverança, temor ao SENHOR, respeito e consideração à Moisés e coração íntegro diante de Deus, fez com que ao olhos do Deus de Israel Josué fosse levantado como o mais novo líder da nação escolhida de Javé.

Queridos líderes, pastores ou a quem aspira ao episcopado. O que te leva a pensar que será um líder espiritual bem sucedido por méritos de um diploma de formação superior, ou por algumas experiências sobre um determinado grupo de pessoas? Ou até mesmo devido ao fato de ter “padrinhos” de renome que supostamente podem indicar-te como um novo líder ou substituto de um grupo, de um campo ou igreja local?

Saiba que, na seara do Mestre muitos podem trabalhar, mas somente os que têm sobre si o Espírito de sabedoria é que sem sombra de dúvidas terão um ministério frutífero. Com lutas, mas com a certeza da vitória. Com provas, mas com a promessa de aprovação. Com desafios, mas com a certeza de que serão superados. Com dificuldades, mas com a certeza de que serão resolvidas. Com problemas, mas convicto de que serão solucionados. Com lágrimas, mas na esperança de que um dia elas serão enxugadas. Com dores, mas certo de que serão aliviadas.

Em fim, somente um homem ou mulher coberto pela sabedoria do alto é quem realmente poderão apresentar-se ao SENHOR com os seus frutos nas mãos. Como diz a Bíblia, quem ganha almas, sábio é. Necessitas de sabedoria? Peça-a, porém a Deus que a todos dá liberalmente, de boa vontade lhe será concedida (Tg 1.5)

3. JOSUÉ, APÓS O SEU CHAMADO – Js 1.11,16-17

“Assim Josué ordenou aos oficiais do povo... Então eles (os oficiais) responderam a Josué: tudo o que você nos ordenar faremos, e aonde quer que nos enviar iremos. Assim como obedecemos totalmente a Moisés, também obedeceremos a você. Somente que o SENHOR, o seu Deus, seja com você, como foi com Moisés.”

Não restam dúvidas de que os dois maiores desafios enfrentado por Josué após sua ascensão como líder da nação judaica, foram a tomada de Jericó e a travessia dom rio Jordão.

O texto acima relata as ordens de Josué aos oficias do povo para espiarem Jericó, que sem questionarem decidem sem restrições obedecerem á risca todas as ordens de Josué, sob uma única condição; “que o SENHOR, o seu Deus, seja com você, como foi com Moisés.”

Eles acreditavam no chamado de Josué. Jamais ousaria cometer o mesmo erro dos seus pais que peregrinaram no deserto durante quarenta anos até todos perecerem simplesmente por se levantarem contra Moisés e Arão. Tal castigo divino sérvio de lição para a geração que conquistaria a terra Cananéia. Em vez de questionarem, obedeceram. Decidindo ainda que; “Todo aquele que se rebelar contra as suas instruções e não obedecer às suas ordens, seja o que for que você ordenar, será morto.” 1.18.

Esta era a nova geração, o povo que Deus havia preparado no deserto, homens preparados para defenderem a sua nação confiando no Deus que os livrara da escravidão. Uma nação agora temente à Deus, que aprendeu a submeter-se à liderança pelo fato de estarem subordinados e direcionados pelo Espírito de sabedoria vindo de Deus.

Não somente a conquista de Canaã, mas a travessia do rio Jordão que transbordava em ambas as margens (3.15) que antecipou a tomada de Jericó; a descoberta do pecado de Acã; a destruição de Ai; A batalha em Gibeon, onde o sol parou dentre as muitas outras conquistas de Josué, foram resultados exclusivos de um líder temente a Deus e que deu ouvidos ao conselho de Moisés; “Seja forte e corajoso...” (Dt 31.7); o conselho de Deus; “Seja forte e corajoso...” (Js 1.6) e o conselho dos oficiais; “Somente seja forte e corajoso!” (Js 1.18).

Outra lição a ser seguida da vida de Josué, é que mesmo depois de velho, ele reconhece que todas as suas conquistadas são devidas ao SENHOR, o capítulo vinte e três do seu livro nos relata que já sendo velho em idade ele convoca todo Israel e disse; “Vocês mesmos viram tudo o que o SENHOR, o seu Deus, fez com todas essas nações por amor a vocês; foi o SENHOR, o seu Deus que lutou por vocês” (23.3).

Realmente não haveria maneira mais brilhante para Josué encerrar o seu ministério do que reconhecer todas as coisas que o SENHOR fez em seu favor e do seu povo. Iniciou dando ouvindo a voz do SENHOR, obedecendo as suas ordens, pedindo ao povo santidade, para que o SENHOR agisse em favor deles.

Com autoridade do céu, tomou Jericó e a sitiou. Antes, atravessou o Jordão transbordando a pé enxuto, fazendo com que a Arca da Aliança dividisse as águas do rio. E ao som de trombetas derrubou as fortes muralhas de Jericó. Temos essa autoridade ou nos escondemos somente atrás de um nome de uma grande Igreja, de uma denominação, de um bom salário, etc.? Deus nos chamou foi para exercermos autoridade. E esta autoridade é para ser usada em benefício do reino e na liderança do povo do SENHOR.

Somente iniciando bem, como Josué, é que terminaremos bem o nosso ministério. Na certeza de que foi o SENHOR quem lutou por nós e nos ajudou. Tome posse desses princípios meu irmão. Invista no seu ministério, ser forte e corajoso. Sofra as afrontas mas creia que Deus lutará por você.
CONCLUSÃO:

Josué era o guerreiro que lideraria os israelitas na vitória contra seus inimigos. Era o representante do povo diante de Deus e do sumo sacerdote Eleazar. Josué supervisionou a distribuição dos territórios às tribos. Era sucessor de Moisés. Nenhuma outra figura da Bíblia teve este papel especial. Para cumpri-lo, ele dirigiria o povo como Moisés fizera e os israelitas teriam experiências similares às que obtiveram sob a liderança de Moisés.

Como líder espiritual e militar do povo, Deus falou diretamente com ele, com as mesmas palavras que Moisés lhe dissera; “Esforça-te, e tem bom ânimo” (três vezes: Js 1.6-9). Liderou o povo na travessia do rio Jordão (Js 3 e 4), executou a circuncisão e celebrou a Páscoa (Js 5), liderou o exército na conquista Ed Jericó (Js 6), identificou e puniu o pecado de Acã (Js 7), liderou a vitória sobre Ai (Js 8), sobre a coalizão do Sul (Js 10) e do Norte (Js 11).

Como representante do povo diante de Deus, somente Josué recebeu as instruções divinas para a organização do povo (Js 1.1-9), etc. em fim, Josué foi o líder que deveria servir de padrão para todos os líderes dos dias hodiernos.

Se os líderes das igrejas do século XXI seguissem esse padrão de liderança, haveria mais pastores em vez de mercenários; mais igrejas em vez de mero ajuntamento; mais palavra e menos barulho; mais ovelhas em vez de bodes; mais conversões seguidas de transformação em vez de simples comoção; mais espiritualidade em vez de falsidade; mais restauração e menos feridas; mais contribuição e não extirpação, etc.

Somente um líder com esse progresso poderá encerrar seu ministério na certeza de que não só ele, mas que os seus liderados também seguiram os seus passos, deixando assim, rastros de piedade, seriedade, obediência e santidade perante o SENHOR.

“Passado algum tempo, Josué, filho de Num, servo do SENHOR, morreu. Tinha cento e dez anos de idade... Israel serviu ao SENHOR durante toda a vida de Josué e dos líderes que lhes sobreviveram e que sabiam de tudo o que o SENHOR fizera em favor de Israel. Js 24.31.

Que o Deus do grande líder Moisés e do seu discípulo sucessor, Josué, o Deus de Israel nos ensine e nos ajude a depender inteiramente dele progredindo espiritualmente na certeza de que a nossa responsabilidade como líderes obterá os resultados necessários decorrentes das promessas de obediência á sua Palavra.

AMÉM!

Seminarista Járber SOUSA
Vargem Grande Paulista,SP.
23 de Março de 2010

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