INTRODUÇÃO:
A história de Jó reflete a vida de todo cristão aqui na terra. Momentos nas montanhas, outros nos vales. Agora, momentos de alegria, depois, de angustia. Num momento somos motivados a adorar a Deus pelo que Ele é e louvá-lo pelo que Ele tem feito por nós, noutro momento somos tentados a murmurar contra Ele e amaldiçoá-lo pelas provas que Ele nos permite. Assim é a vida de todo cristão.
Assim foi a vida de Jó, o maior exemplo de paciência em meio aos desesperos da vida, de perseverança em meio aos obstáculos do caminho, de esperança em meio e calamidades da vida, em fim, exemplo de fidelidade e lealdade a Deus diante das motivações negativas que nos instigam contra Ele.
A passagem que acabamos de ler, narra-nos a segunda provação de Jó. Isso nos faz entender e aprender que, a vida de um justo é constantemente uma prova. Tomo como base uma reflexão do Pr. Ariovaldo Ramos que disse; “Nós só sofremos perseguições e provações, simplesmente porque queremos implantar e viver a justiça de Deus”. Sob esse raciocínio compreendemos que enquanto estivermos dispostos a viver uma vida santa, seremos tentados a nos corromper, enquanto caminharmos na justiça de Deus nós seremos instigados a proferir injustiças contra Ele devido as surpresas desagradáveis da vida.
Porém Jó é o exemplo a ser seguido. Afinal, era esta a segunda provação da primeira que já passou e das muitas que ainda viriam. Porém na medida em que Jó era provado, ele aprendia sempre um pouco mais de Deus, e essa era a motivação que ele tinha para superar e passar por todas as provas que enfrentasse. Pois Jó sabia, que tudo o que tinha, foi Deus quem deu, então cabia a Ele a decisão de tirar e a maneira como usaria para fazer isso. Mesmo que fosse da mais terrível forma possível e insuportável para um humano.
Queridos irmãos, tal como Jó somos tentados a cada momento a blasfemarmos contra o Soberano e Dono de todas as coisas, porém quando compreendemos que Ele dá e tira, e tem poder para fazer muito mais além daquilo que pedimos ou pensamos, chegaremos ao mesmo nível de relacionamento que teve Jó com Deus. E assim, seremos não só provados, mas aprovados por aquele que nos provou.
Diante desta reflexão introdutória, tomarei como exemplo, não a pessoa, mas a segunda provação de Jó, como base para nossa meditação sobre o tema;
TEMA: O SOFRIMENTO DO JUSTO
1. O PAPEL DE SATANÁS; Instigar Deus e causar o sofrimento – v.3c, 4, 7
“... apesar de você ter me instigado contra ele para arruiná-lo sem motivo” v.3c.
Parece ser algo difícil de entender esse paradoxo, como poderia um ser caído e destituído de sua Glória tentar instigar o Único Ser Soberano, Criador e dono de toda Glória como JAVÉ? A verdade é que Deus sabia que a intenção do inimigo não era outra senão fazer o seu justo servo abrir sua boca contra o Deus único. Uma vez que Deus dera bom testemunho a respeito de Jó, Satanás O desafia a provar essa adoração desinteressada que tinha Jó.
Há sempre uma guerra espiritual no mundo invisível na luta quanto à perseverança dos santos. Por um lado Deus guarda, abençoa e protege. Por outro satanás tenta desfazer tudo isso insinuando que esses santos servem a Deus, motivados por um interesse egoísta. Satanás continuava suas perambulações pela terra, presumivelmente realizando algum tipo de serviço, como filho de Deus em missões delegadas. Satanás teria de prestar contas a Jeová tendo feito tudo quanto podia para destruir Jó, Satanás tinha agora um “relato especial” a oferecer.
Se Jó não blasfemou quando suas riquezas e sua família foram severamente removidas, Satanás sabia que Jó poderia blasfemar se seu corpo fosse atacado, o que seria uma provação mais severa que a anterior. Não bastasse satã ter ousado se apresentar diante da majestade augusta de Deus, quanto mais diante da fragilidade do servo de Deus que depende tão somente da misericórdia e da graça divina para viver debaixo desse sol. Observe o texto do versículo 7;
“Saiu, pois, Satanás da presença do SENHOR e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça.”
Uma coisa que devemos aprender aqui é que satã não perde tempo para tragar os servos de Deus, fazendo-os desviarem-se dos caminhos santos do SENHOR. Observando isso, perceberemos que não foi à toa o que Pedro escreveu ao se referir à atuação de satã;
“Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” (I Pd. 5.8)
Amados irmãos em Cristo, a vida cristã é uma constante carreira que nos estar proposta (Hb 12.1c), devemos tão somente estar firmes no SENHOR e confiantes de que Ele é quem sabe todas as coisas, e que nada acontece sem que ele permita. Se Jó passou pela primeira prova, perdendo os seus bens e sua família, e ainda assim sabia que Deus era o dono de tudo e mesmo assim esse Deus não deixaria de ser o que é em Sua essência, nós também temos a mesma possibilidade, uma vez que nada nos separará do amor de Cristo e que nEle somos mais do que vencedores (Rm 8.31-39).
Porém, no desenrolar dos sofrimentos dos justos não é somente nosso inimigo que tem sua atuação, e se tem é porque Deus o permite. E com base nisso chegamos ao segundo ponto de nossa reflexão, que é o papel de Deus em meio ao nosso sofrimento.
2. O PAPEL DE DEUS; Permitir e proteger – v.6
“O SENHOR disse a Satanás: Pois bem, ele está nas suas mãos;...” v.6a
Neste versículo nós encontramos um aspecto lindo de Deus quanto à prova do justo, a sua Permissão, isso revela a Sua total autoridade sobre os seres criados incluindo os rebelados como Satanás. A Sua soberania e autonomia sobre os seres espirituais, aqueles de I aos Coríntios 6.12, que lutam contra nós.
Os sofrimentos de Jó estão claramente identificados como causados por Satanás, mas também como permitidos por Deus. Vale ressaltar que Deus não faz nada se não for do seu agrado. Ao observar o texto do verso 4, notaremos que Deus fala à Satanás que não havia motivos de permitir o sofrimento de Jó. Talvez uma pergunta permeie tua mente tentando encontrar a resposta do porque Deus permitir algo contra aquilo que Ele mesmo o tem por justo, integro, temente a Ele e que se desvia do mal?
A verdade é que o prazer de Deus não estar somente no sofrimento dos seus filhos, mas na forma como estes glorificam o Seu nome diante das provas, envergonhando Satanás e enaltecendo o Nome do Altíssimo (1.21). Porém, outro aspecto lindo que encontramos no Ser de Deus no versículo 6, é a sua Providencia em favor do justo. Observe o restante do versículo que diz;
“... apenas poupe a vida dele”. v.6c
Deus não estava aqui pedindo um favor para Satanás. Não estava implorando a satanás que não fizesse com que Jó blasfemasse contra Ele e de repente, Deus ser decepcionado, frustrado por passar pela vergonha de ser negado por um homem que a pouco tinha obtido o testemunho de ser “perfeito”.
Deus estava na verdade ordenando a satanás que não tocasse na vida de Jó. Estava decretando que lhe fosse poupada a vida. Agindo assim, Deus não somente permitiu o sofrimento de Jó, mas simultaneamente providenciou livramento. Deus estava ali, como sempre limitando o poder de Satanás. Isso nos faz lembrar o que nos diz a Escritura quando afirma que Deus não nos tenta além do que podemos suportar.
Amados, quando Deus decide permitir que o inimigo nos prove é simplesmente para que Ele tenha o prazer de nos galardoar segundo a nossa perseverança. Lembremo-nos do que disse Tiago;
“Bem aventurado o homem que suporta com perseverança a provação, porque depois de ter sido aprovado receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam”. (Tg 1.12)
Jó sofreu, mas também foi protegido tanto na primeira quanto na segunda provação. E o motivo pelo qual ele tudo suportou foi simplesmente pelo fato dele amar o seu SENHOR.
O Deus de Jó é o mesmo Deus de hoje e sempre. Se estiveres sofrendo não penses que Ele não te ver. Ele simplesmente aguarda que você seja aprovado. Para que o Nome dEle seja exaltado e você seja cada vez mais aperfeiçoado para a Sua Glória.
Satanás instigou a Deus e causou o sofrimento de Jó. Deus tão somente permitiu a Satanás como providenciou livramento a Jó. Agora para aplicarmos as maiores lições desta passagem ás nossas vidas, precisamos saber qual o papel do justo quando estiver sendo provado.
3. O PAPEL DO JUSTO; Suportar e manter sua integridade – v.3, 8 - 10
“... Ele (Jó) se mantém integro, apesar de você (Satanás) me (Deus) haver instigado contra ele para arruiná-lo sem motivos” v.3c.
“Então Jó apanhou um caco de louça e com ele se raspava, sentado entre as cinzas” v.8.
Tanto no primeiro como no segundo teste, Satanás, Deus e Jó mantiveram seus papéis. Satanás como acusador que é, acusou Jó de uma falsa adoração, motivada em interesses naquilo que Deus lhe entregara como bênçãos (1.10,11; 2.2.4). Deus como sempre SENHOR Soberano, permite que seu servo seja provado e ao mesmo tempo livre de alguns ataques de Satanás. Enquanto isso o pobre Jó continua sentado nas cinzas sem ninguém pra lhe amparar, uma vez que seus amigos só apareceram quando satanás faz seu ultimo teste.
Jó passou pela primeira prova que o deixou nu. Ali prostrado no chão, afundado em sua tristeza, ele continuava adorando a Deus. Estava provado que Satanás se equivocara. O drama comprovara o fato de que existe adoração desinteressada. Um homem inocente embora severamente afligido, e sem causa alguma ainda assim pode adorar a Deus, embora não haja vantagem em tal atitude.
Jó tinha consciência de que nada mudaria a sua compreensão do Deus a quem servia, do contrário ele não teria feito a linda declaração a respeito do seu Deus no capítulo 19 e verso 25; “Eu sei que o meu redentor vive, e que no fim se levantará sobre a terra”
As provas, as calamidades, os bens extraviados, os filhos mortos, o abandono da mulher. Nada! Nada disso mudaria a convicção de Jó tinha a respeito de Deus. Diferente de sua mulher (essa sim tinha uma adoração interesseira) que estava de acordo com o desejo de Satanás, que era amaldiçoar a Deus, uma vez que ela em induzir Jó a fazer tal coisa, já o havia feito em seu coração.
Porém Jó não tinha maldade e nem maus pensamentos no seu coração. Não encontrava motivos para blasfemar contra o seu Deus. O dia do seu nascimento e o homem que levou a noticia de seu nascimento para seu pai foram amaldiçoados por ele mais adiante. Mas ao abrir a boca para falar do seu Deus ele é bem enfático em reconhecer que Deus é Soberano e que nada foge do Seu controle. E por fim, envergonha o diabo com suas táticas maléficas suportando as provações e mantendo sua integridade.
Diante dessa compreensão, jamais acusaremos a Deus por nos provar sem motivos, o motivo é sermos aprovados para a glória do seu nome; tal como Jó no verso 10 do capitulo 2;
“... Em tudo isso Jó não pecou com seus lábios”.
CONCLUSÃO:
O único objetivo de Satanás era fazer Jó pecar com seus lábios. Abrir a boca e declarar abertamente que Deus é infiel, é injusto, não valorizou o seu temos e a sua integridade. Afinal, Jó sabia da vida piedosa que levava diante de Deus. E segundo o próprio relato, Deus não tinha motivos para provar Jó (2.3c).
Mas Satanás com suas artimanhas desafiou a Deus a provar essa tal fidelidade de Jó, que segundo sua sagacidade era uma fidelidade camuflada, fincada nos bens em que Jó possuía. Deus aceita o desafio, e Satanás parte para o ataque sob a permissão divina contra os bens e os filhos de Jó. Depois, sempre sob o controle de Deus satã parte contra a saúde de Jó, num ato de encobrir a sua vergonha, Satanás apela para o fato de a vida ser o mais importante para Jó do que os seus próprios bens.
De um lado, Satanás tenta fazer de tudo, usando os inimigos e até a família para fazer Jó amaldiçoar o seu Deus, do outro lado, estar Deus, olhando tudo, observando a forma extraordinária como seu servo mantinha sua integridade. E no centro de tudo isso, estava Jó, sentado nas cinzas tendo como único bem em suas mãos, um mísero caco para coçar suas chagas. Os céus em festa e o inferno em desespero, pois nesse relato a famosa luta do Bem contra o Mal vira o inverso, o Mal lutando contra o Bem.
Jó se esforçava para compreender a causa de tudo isso, mas não ousava pecar contra o seu Deus, pecando com os seus lábios. Em fim, o Bem prevaleceu.
Queridos irmão, todos nós somos afligidos por males que nos sobrevêm de surpresa e às vezes sem causa. A cada dia somos tentados a murmurar contra o nosso Deus, e parecemos não encontrar motivação para permanecer firmes em meio aos sofrimentos. Para concluir esta reflexão e para enlevo de tua alma abatida, faço questão de citar o texto de Tiago 4.11, quando se refere à Jó ao falar da paciência nos sofrimentos;
“Como vocês sabem, nós consideramos felizes aqueles que mostraram perseverança. Vocês ouviram falar sobre a perseverança de Jó e viram o fim que o SENHOR lhe proporcionou. O SENHOR é cheio de graça e misericórdia”.
Você meu querido pode se deleitar nesse Deus, no Deus de Jó, no seu Deus! AMÉM!!!
Vargem Grande Paulista - SP, 25 de agosto de 2009
Seminarista Járber SOUSA
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