INTRODUÇÃO:Em meio à terrível influencia do gnosticismo dos anos 65 e 80 de nossa era, foi necessária uma urgente apologia que viesse em socorro dos da igreja que estava sendo levada pelas ondas desta terrível doutrina, alheia à ortodoxia que começou a ser introduzida no meio dos cristãos do tempo de Judas.
Os pregadores dessa doutrina diziam-se serem os únicos a possuírem uma perfeita visão de Deus. E que era através desse conhecimento, a gnosis, que conforme alardeavam haveriam de ser salvos.
E foi para combater semelhantes heresias que Judas resolveu sair em defesa da fé que, uma vez por todas, fora confiada aos santos. Não havia mais tempo para se escrever um compêndio apologético e doutrinário, pois que o momento era critico, e exigia ação imediata. Por isso, ele se coloca a escrever sua epístola que seria uma arma de ataque e ao mesmo tempo de defesa aos cristãos, não só os de sua época, mas, depois de tantos séculos transcorridos, serviria aos cristãos de todos os tempos até que a misericórdia de Jesus Cristo nos leve para a vida eterna (v. 21).
Diferentes dos falsos pregoeiros dos ensinos contrários às verdades cristãs, Judas se apresenta de forma extremamente diferente deles, uma vez que os mestres gnósticos se aproveitam da fragilidade do rebanho, Judas se autodenomina como, servo de Jesus Cristo.
Sendo que, como servo, Judas não se preocupava com o marketing pessoal, mas, seu único interesse era exaltar o Rei Soberano se colocando como servo dEle. Para Judas era-lhe honroso ser irmão do Senhor Jesus, mas, postar-se como servo de Cristo lhe era sumamente glorioso.
É com base nessa declaração de Judas, que vamos meditar um pouco sobre os aspectos de um servo de Cristo, tomando por base a vida de Judas, e as atitudes da igreja a quem se dirigia quanto aos falsos mestres.
O primeiro aspecto dos servos de Cristo está no fato de que eles;
I. BATALHAM PELA FÉ; V.3
“... senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos.”
Conhecedor da urgência em alertar os crentes quanto à necessidade de lutarem pela genuinidade da fé cristã, Judas sabia que o momento não era para se dedicar a obras exaustivas, pois demandava um breve manual de guerra, no propósito dos santos, de forma ousada, enfrentar o inimigo que rondava entre eles.
Ninguém pode defender algo que não a possui, a fé, de acordo com o próprio texto, fora concedida definitivamente aos santos, eis a principal razão deles se empenharem em defendê-la, pois de constante, estava ameaçada pelos falsos ensinos gnósticos.
ILUSTRAÇÂO:
Você já leu as 95 teses de Martinho Lutero? Embora insignificante quanto à extensão, foi este panfleto mais do que suficiente para revolucionar a Igreja e arrancar o Ocidente das garras do catolicismo Romano. Lutero bem sabia que aquele não era o momento para se escrever um extenuante tratado sobre a justificação pela fé. Era um instante de luta e de renhidos embates. Não agisse ele enérgica e rapidamente, ficaria a Igreja de Cristo por mais alguns séculos sob o jugo de Roma. Sensível, pois, ao impulso do espírito Santo, redigiu suas teses e, no dia 31 de outubro de 1517, fixou-as nos frontões de Wittemberg. Estava deflagrada a Reforma Protestante, cujos frutos são até hoje colhidos em todos os continentes e grupamentos evangélicos.
Igual urgência deve ter sentido Judas. O homem reflexivo de repente é arrancado ao seu refúgio, e posto num campo de batalha. Nesta, haveria de se empenhar até que estivesse o inimigo subjugado.
Queridos irmãos, nossa nação requer profetas e obreiros comprometidos com a verdade. Não mais podemos conviver com teólogos, escritores e mestres que, ao ocuparem nossas cátedras e púlpitos, só demonstram uma única preocupação: exibir seu academicismo mumificado e estéril. Enquanto isso vai nossa gente sendo entregue ao adversário. Se não agirmos como Judas, será tarde demais. O futuro de nosso país será desprovido de futuro em conseqüência de nossa presente letargia e inércia por aprender as lições do passado.
Você está se preparando para a guerra? Já sabe como combater o inimigo? É necessário que todos nós estejamos adestrados para lutar em prol da pureza da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. À semelhança dos atletas gregos, empenhemo-nos por assegurar nossos triunfos em Cristo Jesus. Afinal, somos atletas e soldados de Cristo. Você tem coragem, determinação e garra para esta batalha? Saiba que o Senhor o quer na linha de frente para combater o pecado; em nome de Jesus, não recue. Fomos convocados pelo Supremo Comandante para lutar em favor da santíssima fé. Sejamos cristãos genuínos, que semelhantes a Jesus, enfrentemos os inimigos da Verdade e da justiça, batalhando arduamente pela genuinidade da nossa fé.
Não só batalhar pela fé, que é um aspecto dos servos de Cristo, mas, também o fato deles;
II. FORTIFICAREM-SE NA PALAVRA; V.17
“Todavia, amados, lembrem-se do que foi predito pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Da mesma forma que nos tempos de Judas, os escarnecedores da atualidade não deveriam ter vez nem oportunidade em nosso meio. Infelizmente, não são poucos os obreiros que, na ânsia de inflar as igrejas, convidam pregadores que nenhum compromisso tem com a doutrina ou com os bons costumes. E o resultado não poderia ser outro. Suas igrejas dificilmente voltarão a ter o vigor de outrora.
Não nos impressionemos com os ventos de doutrinas nem com os modismos. Pois são todas artimanhas do diabo para desestruturar a Igreja de Cristo. Tais coisas só beneficiam os mercenários que, com anuência dos inimigos, estão a nos espoliar as ovelhas. Por esta causa, é necessário que tomemos inúmeras precauções, e uma das principais, é exatamente a que Judas orienta aos crentes de sua época no versículo dezessete, que se firmem na Palavra de Deus.
Somente pela Palavra de Deus, é que vamos ter condições de vivenciarmos primeiro aspecto de servos, enfatizado no primeiro ponto, que é batalhar pela fé, se batalhamos, é mister que diariamente estejamos munidos das verdades contidas nas páginas das Sagradas letras, que nos capacitam a testemunhar a qualquer um que questionar a razão de nossa fé.
A palavra de Deus é libertadora, e é capaz de nos livrar das façanhas do diabo que nos cercam diariamente, e nos ajudará a livrar muitos outros dos falsos ensinos. Esse assunto me faz lembrar do episodio da tentação de Cristo, enquanto o diabo usava a própria Palavra com um mal objetivo, derrubar Jesus, e ao mesmo tempo Jesus a usava combatendo o próprio diabo com a Palavra para derrotá-lo e fazê-lo desistir da tentação, o que de fato aconteceu.
Não é diferente ainda hoje, inúmeros utilizam a Palavra dando a ela um sentido que ela não dá. Só poderemos combater o nosso inimigo se o conhecermos e sabermos quais sãos os seus pontos fortes e fracos. Só então teremos condições de entrar nesta árdua batalha, e para vencer, tomando sobre nós todas as armaduras espirituais de Deus como defesa, e a Palavra de Deus como arma de ataque.
Portanto, meus queridos irmãos não hesitem em se alimentarem diariamente das vitaminas espirituais que a Palavra de Deus tem a oferecer. Como cristão e servos de Cristo, é nosso dever fazer a vontade do nosso Senhor, e a vontade dele é que todos cheguem ao pleno conhecimento da verdade, e só a conhecerão se houver quem a anuncie, e só a anunciarão, se houver quem a possui, e somos nós quem a possuímos, pois por ela conhecemos a Cristo e o aceitamos, e hoje, por sua Palavra estamos de pé, lutando pela fé que ele nos deu. Para continuarmos nessa guerra, fortifiquemo-nos a cada dia das palavras que Cristo e seus apóstolos nos deixaram.
Tal como Judas utilizou a autoridade dos demais apóstolos para ratificar sua peleja no intuito de nos levar à posição de servos, devemos nós também, fazer uso da autoridade que nos foi conferida por Cristo Jesus, para enfrentarmos os inimigos espirituais e carnais que afetam nossa espiritualidade. Pois Jesus quando escolheu os seus discípulos conferiu-lhes poder e autoridade. Conosco também não foi diferente.
E que tenhamos mais êxito no que diz respeito às atitudes que nos moldam à estatura de servos de Cristo, precisamos pôr em prática o mais importante e progressivo aspecto de servos, que é o fato de;
III. EDIFICAR-SE NA SANTÍSSIMA FÉ, EM ORAÇÃO; 20 – 25
“Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo.”
É sabido de todos nós, que o objetivo de Judas foi estimular a igreja de seus dias a batalhar pela fé que, de uma vez por todas, foi entregue aos santos. Agora, em suas palavras finais, exorta-nos ele a edificar-nos, nesta mesma fé, a fim de que sejamos guardados até ao arrebatamento da igreja.
Nunca as exortações de Judas fizeram-se tão necessárias! Sua epístola deveria ser lida e relida nesses tempos de crise e calamidade espiritual. Seu objetivo primeiro, como já dissemos, é a preservação da fé que nos confiou o Senhor Jesus Cristo. Ai de nós se não atentamos às suas advertências.
ILUSTRAÇÃO
Um dos maiores mártires do cristianismo aconselhou a seus paroquianos “Crê, espera e serás forte. Não podes ser vencido sem a sua vontade, e a graça é mais poderosa que todos os obstáculos”. Savonarola sabia muito o que estava a dizer; não estivesse edificado na santíssima fé, certamente teria sucumbido ante os poderes das trevas.
Se também estivermos edificados na fé, seremos em tudo mais do que vencedores. O que significa estar edificado na fé? O significado do original grego nos dá idéia de se construir e estar completamente assegurado neste edifício. Devemos nos assegurar nela, uma vez que ela nos dá forças e animo para aguardarmos com paciência, aquilo que nós não vemos, mas, que pela fé, cremos que existe e real e em breve se manifestará.
Porém, como um verdadeiro servo não faz apenas o que lhe mandam, mas, em tudo procura agradar ao seu senhor, Judas vai muito mais além de simplesmente nos edificarmos na fé, mas também vivermos na prática constante da oração. Veja o que o texto nos diz;
“Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo”.
A ordem divina é: “Orai sem cessar” (I Ts 5.17). a expressão grega utilizada por Paulo dá a idéia de um tributo que devemos pagar ininterruptamente ao Rei, pois assim Ele o exige. Não podemos viver sem oração. É necessário que voltemos a esse maravilhoso, doce e indescritível exercício. O diabo não teme um grande teólogo, mas foge de um ministro que faz da oração a regra áurea de sua vida.
Querido irmão, você tem orado? Tem pago o tributo da oração àquEle que merece todas as nossas devoções? Ou já se esqueceu deste grande compromisso? Viver não é preciso; orar é preciso para sobreviver em tempos de calamidade espiritual.
CONCLUSÃO:
Amados e santos de Deus em Cristo Jesus, não podemos encerrar esta mensagem sem termos nos sentido nesta oportunidade, devedores daquEle que nos resgatou por um alto preço e nos pôs em liberdade. Precisamos ter em mente que, somente servindo de coração a Ele, é que seremos no mínimo, gratos pelo que ele nos fez.
Que este sentimento de escravo, não se aparte de nossas vidas e de nossas mentalidades. Precisamos servir para podermos receber. Como servos de Cristo, muito temos a prender com Judas. Apesar de sua elevada posição como meio-irmão de Cristo e irmão de Tiago, portou-se como humilde servo do Redentor. Em nenhum momento buscou a primazia, nem reivindicou deferências. O seu maior prazer era servir ao Reino de Deus.
Encerrando sua epistola, depois Ed exortar-nos energicamente a batalhar pela fé que nos foi confiada, Judas enaltece o Cristo de Deus com esta belíssima doxologia:
“ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo o sempre. Amém!” (Jd 25).
Defendamos a fé. Exaltemos, pois, o Cristo de Deus. Louvemos ao Cordeiro, pois Ele é digno de toda a honra, de toda a glória e de todo o louvor. Judas achava-se acima da doença maldita do auto-marketing, que tem destruído inúmeros ministérios. Mas contentava-se em servir. Que o seu exemplo cale bem fundo em nossos corações! Assumamos, e já, a posição de servos dos servos de Cristo Jesus, o nosso Senhor e Salvador. AMÉM!!!
Vargem Grande Paulista - SP, 04 de junho de 2009
Seminarista Járber SOUSA
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