INTRODUÇÃO
Deus está chamando
líderes. Não detentores de poder. Nem artistas viciados da Avenida Madson. Nem
peritos em congratulações mútuas. Nem traficantes de influência. Nem demagogos
exibicionistas, manipuladores de multidões. Deus está chamando líderes (HAGGAI,
1990, p. 16).
É com esta frase que John
Haggai inicia seu livro contendo 12 princípios para a liderança, no intuito de
despertar nos líderes cristãos a terem visão, estratégia e paixão para ter um
impacto maior a favor de Cristo em nossa sociedade atual.
Em tempos de crise na
liderança eclesiástica Brasileira, é o nosso desejo despertar os novos obreiros
a se tornarem padrão dos fieis em todas as áreas da vida, a começar da palavra,
sem deixar de lado o procedimento, o amor, a fé e até mesmo a pureza (2 Tm
4.12). Ser exemplo para os fieis nada mais é do que se tornar uma influencia
para estes fieis, um modelo de vida. Um padrão a ser seguido de perto e não
idolatrado.
Em todos os tempos da
História tem havido crises que assolaram o mundo, mas em todos estes períodos
Deus levantou líderes com a missão de guiar o seu povo ao caminho certo, a
restauração da comunhão com Deus.
Quando o Egito, o maior
império da época estava para enfrentar um período de grande seca que provocaria
a fome e a miséria no mundo antigo (Gn 41.28-32), Deus levanta para socorrer a
Faraó e seu império, um “homem ajuizado e sábio” sobre a terra do Egito, José.
Um líder que com a sabedoria divina salvou o mundo do seu tempo sob a
orientação divina fazendo o nome de Deus ser conhecido na história (Gn
41.33-57).
Quatro séculos depois, o
Egito passa a humilhar o povo de Deus, levando-os à escravidão extrema (Êx
1.6-14), mas Deus levanta Moisés, um líder que pelo poder de Deus abalou o
poder de faraó e libertou o seu povo rumo à Terra Prometida (Êx 3).
“Sucedeu, depois da Morte
de Moisés, servo do Senhor” (Js 1.1), Deus levanta Josué para liderar o seu
povo para tomar posse da Terra que lhes havia prometido dar como herança.
Assim como no livro de
Josué, o livro de Juízes também começa narrando a morte de um líder; “Depois da
morte de Josué” (Jz 1.1), o grande problema é que não havia um líder que guiasse
o povo do Senhor. Como consequência, o povo sempre se desviasse e era entregue
por Deus aos seus opressores, sempre que a nação se arrependia, Deus levantava
Juízes para defender a causa do seu povo e tirá-los da opressão dos seus
inimigos. Mas este período durou por mais de três séculos, e o povo não
conseguira se estabelecer totalmente em paz na terra Prometida. A razão é clara
quando a Bíblia diz; “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o
que achava mais reto” (Jz 21.25).
Após a morte de Cristo,
Deus tinha a sua inteira disposição, doze homens para darem continuidade ao que
Jesus começou a fazer. Com a morte de um deles, Judas, deus levanta Matias (At
1.15-26). Para complementar a missão, Deus levanta Paulo, considerado o maior
líder do Cristianismo de todos os tempos. Este líder que antes da sua morte
deixou exortações ao seu sucessor, Timóteo. Um líder que vivia debaixo do seu
cuidado pastoral, das suas orações.
É sobre essa tarefa de
influenciar novos líderes que desejamos falar nesta ocasião. Com base nas
cartas de Paulo à Timóteo, orientar os veteranos a se preocuparem e a dedicarem
parte da vida no preparo de novos obreiros, e exortar os novos obreiros a
seguirem de perto, os passos de verdadeiros líderes que, tendo consciência de que
o seu tempo (morte) chegará, estão dispostos a passar o cajado à homens
aprovados por Deus e habilitados para toda boa obra.
A preocupação do apóstolo
era em ter alguém inteiramente habilitado para liderar o povo do seu tempo.
Assim, devemos nos preocupar em saber quem nos substituirá, quem assumirá a
liderança dos que virão depois de nós. Amanhã, milhares de novas pessoas
surgirão no mundo:
Quem as liderará?
Seus líderes as aprimorarão ou destrui-las-ão? Esses líderes aperfeiçoarão
nosso mundo ou porão em perigo nossa aldeia global? [...] Que espécies de
líderes terão esses milhões de pessoas?
Como será a
liderança que esses novos cidadãos do mundo terão? Será honesta ou corrupta?
Estará sacrificando ou se enriquecendo? Será humilde ou arrogante? Como serão
esses novos líderes? Como Adolf Hitler, o ditador da Alemanha, [...] serão como
Al Capone, o gangster de Chicago, ou como João Calvino, o teólogo de Genebra?
Serão como Nero, o opressor, ou como Paulo, o apóstolo? (HAGGAI, 1990, pp.
17-18).
Pensando nesta situação, vejamos
alguns pontos importantes da vida de Timóteo que foi influenciada pela vida e
ministério de Paulo:
1. A INFLUÊNCIA DE PAULO NA VIDA DE ORAÇÃO DE TIMÓTEO
Um verdadeiro líder exerce
influência especial sobre os seus liderados. Essa influência não é forçada sobre os outros. Mas é vivida
por pessoas que confiam nele. Estão convencidos de que, com ele e por meio
dele, podem alcançar objetivos pessoais, humanitários, enobrecedores que
glorificarão a Deus.
A igreja da atualidade
parece esperar como característica única do seu líder, ser um bom pregador. Mas
não é esta a maior necessidade na liderança de uma Igreja. A igreja da
atualidade precisa de homens que tenham uma vida de oração exemplar.
Nossos jovens são tentados
a serem bons teólogos, bons oradores, bons defensores da sua linha de
pensamento, mas negligenciam a vida de oração. Por conhecer o ambiente
acadêmico da teologia posso afirmar, os nossos seminário pecam por não ensinar
a verdadeira base para o êxito ministerial. E esta verdade corresponde ao que Paulo
exorta a Timóteo dizendo:
Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas,
orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma
vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e
agradável perante Deus, nosso Salvador, que
deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem
Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o
testemunho dado em seu próprio tempo. Para isso fui designado pregador e
apóstolo mestre da verdadeira fé aos gentios. Digo-lhes a verdade, não minto. Quero, pois,
que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem
discussões (1 Tm 2.1-8, NVI – grifo nosso).
Na sua primeira carta,
Paulo não está preocupado com o academicismo de seu futuro substituto. Se ele
daria conta de debater teologicamente as questões complexas da fé ou não,
antes, ele exortou a Timóteo a não agir assim e a orientar outras pessoas não
viverem ocupadas com “fábulas que promovem discussões do que o serviço de Deus
na fé” (1 Tm 1.4).
Paulo se preocupava
primeiramente com a vida de oração de Timóteo. A texto acima coloca a oração
como sendo prioridade. “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas,
orações, intercessões...”. O exercício da
piedade é um constante pedido de Paulo a Timóteo: “Rejeite, porém, as fábulas profanas de
velhas e exercite-se na piedade. O exercício físico é de pouco proveito; a piedade,
porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da
futura. Esta
é uma afirmação fiel e digna de plena aceitação”
(1 Tm 4.7,8).
Nós, novos obreiros
precisamos priorizar a vida e de oração. Nossa preocupação não deve ser em
concorrer com o colega que sabe tanto ou mais do que nós; não deve ser a
persuasão das pessoas por meio de palavras, mas de uma vida de oração. Antes de
pregarmos bem, devemos orar bem, e sempre. Orar por todos os homens, pois esta
é a vontade de Deus, a salvação deles. E esta salvação não vem por meio de
palavras belas mas por meio de Cristo. E para que Cristo salve por meio do
nosso ministério, Paulo pede: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando
mãos santas, sem ira e sem discussões”.
Oswald Sanders, falando
sobre a vida de oração do líder, diz que:
Dominar a arte de
orar, como outra arte qualquer, exige tempo. O tempo que dedicamos à oração é a
verdadeira medida de nosso conceito da importância da comunhão com Deus. Nós,
sempre encontramos tempo para aquilo que realmente consideramos importante.
[...] Para o ocupadíssimo Martinho Lutero, trabalho acumulado era o argumento
para dispender mais tempo em oração. ouça sua resposta a uma pergunta sobre
seus planos quanto aos trabalhos do dia seguinte: “trabalhar, trabalhar desde
cedo até bem tarde. Na verdade, tenho tanto trabalho para fazer que passarei as
primeiras três horas em oração.” Se nosso conceito da importância da oração
aproxima-se, de alguma forma, do de Lutero e do Deus de Lutero, de alguma forma
arranjaremos mais tempo para a oração (SANDERS, 1989, p. 75).
A oração precisa ser
prioridade na vida do líder e na agenda da Igreja[1].
Um ministério não será bem sucedido por meio de diplomas e palavras
persuasivas. Mas por meio de uma vida de oração. Uma enfermidade ou as
dificuldades resultantes da idade avançada podem comprometer a atividade
ministerial, mas jamais comprometerá a vida de comunhão com Deus, antes, a
aprofundará.
2. A INFLUÊNCIA DE PAULO NO TRATAMENTO INTERPESSOAL DE TIMÓTEO
(1 Tm 5.1-2)
No fim do capítulo quatro
Paulo exorta a Timóteo para que viva de tal modo, que ninguém venha desprezá-lo
por sua mocidade. Para isto, Timóteo deveria ser “padrão”, “modelo”, “exemplo”
dos fieis em todos os sentidos. O propósito desse modo de viver resultaria na
salvação de si mesmo e dos que o ouviam (4.12-16).
Pensando nos ouvintes de
Timóteo, Paulo lhe aconselha a trata-los de acordo com a sua idade. Um
relacionamento respeitoso para com todos os crentes:
Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a
pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às
moças, como a irmãs, com toda a pureza.
2.1. Respeito aos mais velhos como sendo pais
Timóteo não teria o
direito de tratar os mais velhos com arrogância pelo fato de ser o líder da
Igreja. Antes, deveria seguir o exemplo de Paulo que o admoestou dizendo: Ora, o intuito da presente admoestação
visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem
hipocrisia (1 Tm 1.5).
Com amor e respeito era a
maneira como os mais velhos deveriam ser tratados. Concordo com Champlin quando
afirma que:
Os homens idosos,
visto que devem ser tratados como pais, não deveriam receber ataques verbais
contundentes da parte dos mais jovens, da parte de líderes da igreja, etc. é
exigida bondade, o tato no tratamento, e, acima de tudo, a correção e a
disciplina governadas pelo amor (CHAMPLIN, 2014, vol.5, p. 428).
2.2. Respeito aos da mesma idade como sendo irmãos
Os novos obreiros devem
exercer o maior cuidado no relacionamento com os da sua mesma idade. Estes
devem ser tratados como irmãos. As expressões do texto “como a pais”, “como
irmãos” trás a ideia de família. Esta é a natureza da igreja que recebeu do Pai
as bênçãos espirituais por meio do Filho (Ef 1.3).
Paulo cuida para que
Timóteo não se envolva em conversas desnecessárias, palavras torpes, discussões
indevidas e comportamentos inadequados a um obreiro de Deus: “Timóteo, guarde o que lhe foi confiado.
Evite as conversas inúteis e profanas e as idéias contraditórias do que é
falsamente chamado conhecimento” (1 Tm 6.20).
Temos a tendência de nos
portarmos de forma inadequada a um líder cristão. As amizades não podem nos
fazer esquecer de quem somos e o que somos. Tal como Timóteo, devemos nos
apresentar a Deus como obreiro que não tem do que se envergonhar. E evitar
falatórios inúteis e profanos com linguagem que corrói como câncer (2 Tm
2.15-17).
2.3. Respeito ao sexo oposto, com toda pureza
Timóteo já tinha sido
orientado a ser padrão dos fieis também na pureza. E mais uma vez, o velho e
experiente apóstolo aconselha o jovem obreiro a zelar por sua reputação. E isto
deveria ser aplicado no seu relacionamento com as jovens da igreja.
Veja que Paulo não
enfatiza a pureza no tratamento com os mais velhos e os moços, mas, em relação
às moças, estas deveriam ser tratadas não somente como irmãs, mas com toda
pureza.
Aqui está implícito o
evitar a aparência do mal; a concupiscência da carne; a tentação sexual.
Timóteo como responsável por uma igreja certamente seria procurado por mulheres
em busca de conselhos e orientação, e como resultado disso, ser levado a pecar.
A revista Ultimato[2]
trouxe como matéria de capa o tema “Fuja da Imoralidade Sexual”, e um artigo
sobre este problema registrado somente no livro de Gênesis. Casos como:
1.
A mulher (Sara) que
sugeriu ao seu marido que se deitasse com outra mulher;
2.
As moças que se
deitaram com o seu próprio pai, Ló;
3.
O príncipe Siquém que
estuprou uma jovem (Diná) de outro país;
4.
O rapaz (Rúbem) que
se deitou com a mulher do pai (Jacó);
5.
O viúvo (Judá) que se
deitou com a nora (Tamar);
6.
A mulher casada (com
Potifar) que tentou dormir com um jovem solteiro, José.
Os casos acima podem ser
classificados pelos mais diversos pecados relacionado á imoralidade sexual:
bigamia, incesto, estupro, adultério, fornicação, etc.
Estes pecados cercam
homens e mulheres até hoje e vai cercar até que Cristo nos arrebate. A pureza
no relacionamento com o sexo oposto é extremamente necessário na vida dos
obreiros.
4. A INFLUÊNCIA DE PAULO NO MINISTÉRIO DE PREGAÇÃO DE TIMÓTEO
Uma vez que Timóteo não
deveria ter do que se envergonhar, envolvendo todas as áreas da sua vida, isso
incluía também o seu ministério de pregação, pois deveria manejar bem a palavra
da verdade (2Tm 2.15). Manejar bem a palavra da verdade inclui a forma, o
conteúdo e o propósito da pregação.
4.1. A forma devida de pregação
“Expondo estas coisas aos irmãos, serás
bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa
doutrina que tens seguido. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas.
Exercita-te, pessoalmente, na piedade” (1Tm
4.6-7).
A forma como Timóteo
deveria pregar a Palavra de Deus era:
1.
Expondo-a; ou seja,
transmitindo o que ela de fato está falando e não o que pensa ou acha que ela
está falando. É somente o que a Bíblia diz que pode nutrir, alimentar aqueles
que a ouvem;
2.
Evitando o que não é necessário; assuntos irrelevantes que não condizem com o que a palavra de
Deus quer dizer. Fábulas é algo irreal, que só existe no imaginário. Estas
coisas não se aplicam a Palavra de Deus.
3.
Exercitando-se na piedade; é
impossível expor a verdade sem amor e respeito por elas. Afinal, esta é uma
definição básica para a palavra piedade, “amor e respeito pelas coisas
religiosas[3].
A piedade envolve o estilo de vida (1Tm 4.12); a diligência (4.15) e o zelo com
a doutrina (4.16).
4.2. O conteúdo devido da pregação
Paulo exorta o jovem
obreiro à tão somente “pregar a palavra”. E a palavra na sua essência contém
vida, é isto que a torna eficaz (Hb 4.12). destacamos algumas expressões
utilizadas por Paulo para se referir a Palavra de Deus:
1.
“palavras da fé e boa doutrina”(1Tm 4.6);
2.
“sãs palavras” (2Tm
1.13);
3.
“sagradas letras” (2Tm
3.14);
4.
“sã doutrina” (2Tm
4.3);
Vejamos que lição o
príncipe dos pregadores, Charles Spurgeon dar aos seus alunos sobre o conteúdo
da pregação:
Os sermões devem
conter verdadeiro ensino, e sua doutrina deve sólida, substanciosa e abundante.
Não subimos ao púlpito para falar por falar. Temos instruções extremamente
importantes para transmitir, e não podemos nos dar ao luxo de pronunciar belas
nulidades.
Os seus ouvintes
desejam ardentemente sadia informação sobre assuntos bíblicos, e precisam
tê-la. Eles tem direito a explicações precisas das Escrituras Sagradas, e se
cada um de vocês for “um intérprete, um de mil”, um verdadeiro mensageiro, você
as dará com abundância. (SPURGEON, 2015, pp. 107, 109).
4.3. O propósito devido da pregação (2Tm 3.14-17)
Tudo tem um propósito na
vida. Com a pregação não é diferente. Na segunda epístola, Paulo ao tratar
sobre a utilidade das Sagradas Escrituras ele pede a Timóteo que permaneça no
que aprendeu, uma vez que sabia das sagradas letras desde a infância. A razão
para isso é que toda Escritura é inspirada por Deus para os seguintes
propósitos:
1. Útil para o ensino; o que pregamos, independente do tempo da pregação, do tipo de
sermão ou do público que nos ouve, deve sempre conter algo importante para se
aprender. Os ouvintes precisam aprender alguma lição daquilo que lhes
anunciamos.
2. Útil para repreensão
e para correção; a NTLH traduz esta
expressão por “condenar o erro, corrigir as faltas”. Trás a
ideia de exortação que significa basicamente “chamar ao canto” com a finalidade
de chamar-lhe a atenção.
3. Útil para educação na
justiça; este propósito é vivido pelo salmista
quando diz: “Como
pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra. Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Sl 119.9,11). A pregação bíblica tem o poder de “ensinar a
maneira certa de viver” (NVI).
4.
E finalmente útil para habilitar o homem para toda boa obra; o ser humano só pode ser capaz de fazer boas obras que agradam à
Deus depois de ter sido moldado segundo os padrões do Evangelho que o
transforma.
A transmissão da verdade é
tão vital para a transformação do caráter que, mesmo havendo pessoas que não
suportam a sã doutrina, Timóteo é exortado a pregar a palavra “quer seja oportuno, quer não”, a fazer
o “trabalho de um evangelista” e
apesar das aflições, “cumprir cabalmente
o ministério” (2Tm 4.2-5).
5. A
INFLUÊNCIA DE PAULO NA VIDA DE ESTUDO DE TIMÓTEO
O interesse pelo estudo
não é genético, não se nasce com aptidão para a leitura e o estudo assíduo de
coisas importantes. Não basta ser crente para se conhecer toda a Escritura,
temos que mergulhar neste mar de conhecimento para entendermos a vontade de Deus
escrita aoss homens.
Todo ser humano é
influenciado por alguém para alguma coisa. Os que são “Camboriunistas”[4],
são influenciados a terem fama, pregar somente para multidões e o pior de tudo,
ganhar dinheiro vendendo pregações. Não é assim que Paulo orienta, devemos dar
de graça o que de graça recebemos.
O bom aluno que admira o
bom professor tende a buscar às mesmas fontes de conhecimento. Da mesma forma,
para ser um bom pregador, não basta ir ao Seminário ou comprar livros, deve-se
seguir exemplos de bons pregadores.
Paulo como mestre da lei
que era, orienta ao jovem pregador a “persistir
em ler”, a dedicação à leitura iria lhe proporcionar a oportunidade de
exortar e ensinar até a chegada de Paulo (1Tm 4.13).
Paulo mesmo estando preso
em Roma, após entender que a sua morte estava próxima (2Tm 4.8), não abandonou
o hábito da leitura. Provavelmente não teria mais tempo para pregar á
multidões, ou até mesmo para escrever outra carta. Mas, o seu apego à leitura é
latente quando coloca os livros no mesmo grau de prioridade de uma capa em
tempos de inverno. Ele pede a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros,
especialmente os pergaminhos” (2Tm 4.13).
Spurgeon considera os
obreiros que não leem como “obreiros mal euipados”. Eles diz:
Por mal equipados
quero dizer quero dizer que tem poucos livros, e escasso ou nenhum recurso com
que comprar mais. Este estado de coisas não deveria existir em caso algum.
[...] Uma boa biblioteca deve ser considerada como parte indispensável da
equipagem da Igreja; e os diáconos, cuja atividade consiste em “servir as
mesas”, serão sábios se, sem negligenciarem a mesa do Senhor [...] derem uma
olhada na mesa do seu gabinete, e a mantiverem suprida de novas obras e de
livros básicos com razoável abundância (SPURGEON, 2015, p. 273).
O pregador precisa ler não
somente a palavra, mas o mundo ao seu redor. Ler os textos antigos e a nova
sociedade a sua volta. O pregador que não semeia no seu estudo, não colhe no
púlpito.
CONCLUSÃO
Como servos de Deus,
devemos seguir os bons exemplos no exercício do nosso ministério. Paulo tinha a
consciência de que era um bom exemplo para a vida e ministério de Timóteo:
“E
o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2Tm 2.2, RA – grifo nosso).
“Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito,
fé, longanimidade, amor, perseverança, as
minhas perseguições e os meus
sofrimentos” (2Tm 3.10,11).
“Tu, porém, permanece naquilo que
aprendeste e de que foste inteirado, sabendo
de quem o aprendeste” (2Tm 3.14)
Afirmo ao veteranos que
hoje me ouvem, precisamos de vocês! Precisamos da vossa experiência que somado
à nossa força nos ajudará a trilhar nos seus passos. Lembro de uma frase que
diz, “se os jovens fizerem o que podem, e
os velhos fizerem o que sabem, certamente iremos mais longe”. Nós jovens
temos força e vontade, mas não temos a experiência e a sabedoria que vocês
adquiriram ao longo da jornada ministerial. Precisamos de vocês.
Aos jovens obreiro eu
afirmo que precisamos seguir exemplos de homens que dedicaram a vida à
evangelização e plantação de Igrejas como o pastor missionário João Jonas. Homens que apesar das
dificuldades e já na vida adulta dedicaram a vida ao estudo como o saudoso
pastor Estêvan Ângelo de Sousa. Homens que mesmo depois de jubilado, se dedicam
à leitura constante como o nosso querido pastor Boaventura Pereira de Sousa.
Não podemos esquecer-nos
da vida e legado que estes homens nos deixaram. Paulo foi o espelho de Timóteo,
precisamos resgatar os valores da vida destes servos de Cristo como padrão de
vida e ministério, certo de que, o mesmo Deus que foi com eles, será conosco
sempre!
Pr. Járber Sousa
Ministro Assembleiano,
Mestrando em Teologia.
Referências Bibliográficas
Spurgeon, Charles H. Lições aos meus alunos, homilética e
teologia pastoral. São Paulo: PES, 2015.
____________ Conselho para obreiros. São Paulo: Vida Nova: 2015.
Sanders, J. Oswald. Liderança Espiritual. São Paulo: Mundo
Cristão, 1989.
LOPES, Hernandes Dias. De pastor a pastor, princípios para ser um
pastor segundo o coração de Deus. São Paulo: Hagnos, 2008.
HAGGAI, John. Seja um líder de verdade, liderança que permanece para um mundo em
transformação. Venda Nova: 1990.
Vou seguir esse blog.
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