quarta-feira, 30 de março de 2016

EBD - TRABALHANDO AS NECESSIDADES DA PERSONALIDADE DO ALUNO; social, emocional e espiritual.


1.       NESSECIDADES SOCIAIS
O ser humano é por natureza carente de viver em sociedade. Mesmo vivendo num estado perfeito, Deus percebe que adão precisava conviver com seres da mesma espécie:
Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18).
“Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1.27,28).
Como consequência do pecado, os relacionamentos sociais do homem foram afetados. Adão que antes havia feito a primeira declaração de amor da história (Gn 2.23), estava agora, acusando a sua mulher de ser a principal culpada por sua desobediência a Deus (Gn 3.11,12).
Dois irmãos, Caim e Abel que estavam num culto ofertando ao Senhor é seguido pelo primeiro homicídio da história (Gn 4.3-8).
O matrimônio, criado por Deus para o deleite do homem se torna mera satisfação da carne e abuso da liberdade que Deus deu ao homem. Lameque toma para si, duas mulheres e dá sequência à “solução Caim” durante a sua vida, mata simplesmente por matar (Gn 4.23).
Chegando ao capítulo 6 de Gênesis, vemos Deus cansado de toda maldade do homem: Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente” (Gn 6.5).
Cristo veio com a missão de restaurar a paz e o bom relacionamento dos homens com o seu próximo e para com Deus: Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade” (Ef 2.14)
Como seguidores de Jesus Cristo é responsabilidade nossa, professores de promovermos mediante o ensino, o bom relacionamento dos nossos alunos. Não pode haver mau relacionamento entre os homens em geral, quanto menos na Igreja entre jovens e anciãos.
A educação cristã deve atuar como agente de transformação no caráter e nos relacionamentos dos nossos jovens para que eles tenham bom testemunho para com todos. Fazendo valer o conselho de Paulo a Timóteo: “Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4.12).
2.       NECESSIDADES EMOCIONAIS
Os primeiro ser humano não era imperfeito por causa das suas necessidades. As suas necessidades não o tornavam inútil ou menosprezado em meio às outras obras da criação. Mesmo no seu estado perfeito, Adão tinha suas necessidades, além de ter que se relacionar com outros da mesma espécie, este relacionamento trabalharia outra importante necessidade do seu caráter, a emocional.
Destacamos dois textos que nos deixam implícitos esta verdade. Os textos que utilizamos acima caracterizam dois aspectos da emoção, um positivo e outro negativo.
O aspecto positivo está no fato de Adão externar a sua satisfação em poder desfrutar da companhia de uma semelhante (Gn 2.23). A criação da mulher resultou no suprimento da necessidade social de Adão, e também no da sua necessidade emocional. A mulher lhe seria idônea, auxiliadora, um complemento para a vida. Com ela ele compartilharia sentimentos, trocaria experiências, etc.
O aspecto negativo está estar evidente quando o mesmo Adão que antes declerara o seu amor pela mulher, externa agora sua insatisfação com a mesma culpando-a por tê-lo levado a desobediência (Gn 3.12).
As emoções determinam o destino do nosso relacionamento. Veja o caso de Caim que mesmo no culto se irou contra o seu irmão ao ponto do seu semblante ficar decaído (Gn 4.5). O resultado negativo dessa forte emoção induziu Caim a matar o seu próprio irmão (Gn 4.8). Esse mesmo Caim que havia sido dominado pela ira reage com indiferença diante da pergunta de Deus em relação ao seu irmão Abel. Age como se nada houvesse acontecido: Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou” (Gn 4.8).
Assim como Deus ensinou a Caim o exercício do domínio próprio (Gn 4.7), o professor deve estimular seus alunos a exercitarem o fruto do espírito, o domínio próprio (Gl 5.23) para que suas paixões sejam crucificadas.
Os jovens estão consolidando as mudanças resultantes da adolescência e vez por outra podem ser vistos com suas emoções estilo ioiô, hora em cima, hora em baixo. Devemos orientá-lo à luz da palavra que devem firmar-se na doutrina: Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tm 4.16).
3.       NECESSIDADES ESPIRITUAIS
O propósito para o qual o homem foi criado, foi para representar Deus na terra, governando, dominando, sujeitando. O domínio reflete o relacionamento horizontal do homem, isto é, em relação às obras da criação. O poder e autoridade concedido para dominar, reflete a necessidade do relacionamento vertical do homem, isto é, com o seu Criador.
Este relacionamento proporciona o enriquecimento da espiritualidade humana. O seu humano possui em sí, algo vindo de dentro do próprio Deus, o fôlego de vida (Gn 2.7). Não há na terra alguém que não tenha necessidades espirituais. O ser humano é por natureza um ser religioso e por isso precisa de Deus.
As religiões mundiais, os ritos tribais e a própria noção de certo ou errado no homem, reflete a sua necessidade espiritual e convicção da existência de um ser superior, Deus.
Assim como Adão, Caim também fugiu da presença de Deus (Gn 3.8; 4.16). O descendente direto de Caim, Lameque, também não foi diferente, pois se tornou bígamo e assassino (Gn 4.23). os homens do capítulo seis de Gênesis tinham se desviado inteiramente do Senhor, isto enfraqueceu a espiritualidade deles levando-os a fazerem todo o mal possível nesta terra 9Gn 6.5,11 e 12).
Todo ser humano precisa exercer a sua espiritualidade, para isto Cristo nos foi enviado, para nos aproximar do Pai (Ef 2) e depois, nos enviar o seu Santo Espírito (Jo 14.16,17). É o Espírito que intercede junto a Deus por nós: E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos” (Rm 8.26,27).
Esta necessidade espiritual precisa ser trabalhada, e a exortação do velho Paulo ao jovem Timóteo nos é válida neste momento.
Como deve ser trabalhada a espiritualidade dos alunos?
a.       Através da oração: Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens [...]Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões” (1Tm 2.1,8).
b.      Através do estudo da Palavra: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (2Tm 3.14,15).
c.       Através de bons exemplos: Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou [...] Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2Tm 3.10,11 e 14).
O escritor aos hebreus ressalta aos seus leitores que eles estavam “rodeados de uma grande núvem de testemunhas” que podem nos levar a deixar todo embaraço e pecado que continuamente nos cercam (Hb 12.1). Ele está fazendo menção dos heróis relatados ao longo do capítulo 11; Abel, Enoque, Noé, Abraão, Sara, Isaque, Moisés e muitos outros.
Nós como professores devemos exercer esta influencia na vida dos nossos alunos. Devemos motivá-los a seguir o mesmo estilo de vida e piedade que vivemos. Vale para nós a exortação de Paulo a Timóteo: Ninguém despreze a tua mocidade: mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (1Tm 4.12).
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15).
Pr. Járber Sousa
Arari – MA, em 25 de março de 16


terça-feira, 22 de março de 2016

EXORTAÇÕES AOS JOVENS OBREIROS; Uma análise sobre a influência do velho Paulo no ministério do jovem Timóteo.



INTRODUÇÃO
Deus está chamando líderes. Não detentores de poder. Nem artistas viciados da Avenida Madson. Nem peritos em congratulações mútuas. Nem traficantes de influência. Nem demagogos exibicionistas, manipuladores de multidões. Deus está chamando líderes (HAGGAI, 1990, p. 16).
É com esta frase que John Haggai inicia seu livro contendo 12 princípios para a liderança, no intuito de despertar nos líderes cristãos a terem visão, estratégia e paixão para ter um impacto maior a favor de Cristo em nossa sociedade atual.
Em tempos de crise na liderança eclesiástica Brasileira, é o nosso desejo despertar os novos obreiros a se tornarem padrão dos fieis em todas as áreas da vida, a começar da palavra, sem deixar de lado o procedimento, o amor, a fé e até mesmo a pureza (2 Tm 4.12). Ser exemplo para os fieis nada mais é do que se tornar uma influencia para estes fieis, um modelo de vida. Um padrão a ser seguido de perto e não idolatrado.
Em todos os tempos da História tem havido crises que assolaram o mundo, mas em todos estes períodos Deus levantou líderes com a missão de guiar o seu povo ao caminho certo, a restauração da comunhão com Deus.
Quando o Egito, o maior império da época estava para enfrentar um período de grande seca que provocaria a fome e a miséria no mundo antigo (Gn 41.28-32), Deus levanta para socorrer a Faraó e seu império, um “homem ajuizado e sábio” sobre a terra do Egito, José. Um líder que com a sabedoria divina salvou o mundo do seu tempo sob a orientação divina fazendo o nome de Deus ser conhecido na história (Gn 41.33-57).
Quatro séculos depois, o Egito passa a humilhar o povo de Deus, levando-os à escravidão extrema (Êx 1.6-14), mas Deus levanta Moisés, um líder que pelo poder de Deus abalou o poder de faraó e libertou o seu povo rumo à Terra Prometida (Êx 3).
“Sucedeu, depois da Morte de Moisés, servo do Senhor” (Js 1.1), Deus levanta Josué para liderar o seu povo para tomar posse da Terra que lhes havia prometido dar como herança.
Assim como no livro de Josué, o livro de Juízes também começa narrando a morte de um líder; “Depois da morte de Josué” (Jz 1.1), o grande problema é que não havia um líder que guiasse o povo do Senhor. Como consequência, o povo sempre se desviasse e era entregue por Deus aos seus opressores, sempre que a nação se arrependia, Deus levantava Juízes para defender a causa do seu povo e tirá-los da opressão dos seus inimigos. Mas este período durou por mais de três séculos, e o povo não conseguira se estabelecer totalmente em paz na terra Prometida. A razão é clara quando a Bíblia diz; “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25).
Após a morte de Cristo, Deus tinha a sua inteira disposição, doze homens para darem continuidade ao que Jesus começou a fazer. Com a morte de um deles, Judas, deus levanta Matias (At 1.15-26). Para complementar a missão, Deus levanta Paulo, considerado o maior líder do Cristianismo de todos os tempos. Este líder que antes da sua morte deixou exortações ao seu sucessor, Timóteo. Um líder que vivia debaixo do seu cuidado pastoral, das suas orações.
É sobre essa tarefa de influenciar novos líderes que desejamos falar nesta ocasião. Com base nas cartas de Paulo à Timóteo, orientar os veteranos a se preocuparem e a dedicarem parte da vida no preparo de novos obreiros, e exortar os novos obreiros a seguirem de perto, os passos de verdadeiros líderes que, tendo consciência de que o seu tempo (morte) chegará, estão dispostos a passar o cajado à homens aprovados por Deus e habilitados para toda boa obra.
A preocupação do apóstolo era em ter alguém inteiramente habilitado para liderar o povo do seu tempo. Assim, devemos nos preocupar em saber quem nos substituirá, quem assumirá a liderança dos que virão depois de nós. Amanhã, milhares de novas pessoas surgirão no mundo:
Quem as liderará? Seus líderes as aprimorarão ou destrui-las-ão? Esses líderes aperfeiçoarão nosso mundo ou porão em perigo nossa aldeia global? [...] Que espécies de líderes terão esses milhões de pessoas?
Como será a liderança que esses novos cidadãos do mundo terão? Será honesta ou corrupta? Estará sacrificando ou se enriquecendo? Será humilde ou arrogante? Como serão esses novos líderes? Como Adolf Hitler, o ditador da Alemanha, [...] serão como Al Capone, o gangster de Chicago, ou como João Calvino, o teólogo de Genebra? Serão como Nero, o opressor, ou como Paulo, o apóstolo? (HAGGAI, 1990, pp. 17-18).
Pensando nesta situação, vejamos alguns pontos importantes da vida de Timóteo que foi influenciada pela vida e ministério de Paulo:
1. A INFLUÊNCIA DE PAULO NA VIDA DE ORAÇÃO DE TIMÓTEO
Um verdadeiro líder exerce influência especial sobre os seus liderados. Essa influência  não é forçada sobre os outros. Mas é vivida por pessoas que confiam nele. Estão convencidos de que, com ele e por meio dele, podem alcançar objetivos pessoais, humanitários, enobrecedores que glorificarão a Deus.
A igreja da atualidade parece esperar como característica única do seu líder, ser um bom pregador. Mas não é esta a maior necessidade na liderança de uma Igreja. A igreja da atualidade precisa de homens que tenham uma vida de oração exemplar.
Nossos jovens são tentados a serem bons teólogos, bons oradores, bons defensores da sua linha de pensamento, mas negligenciam a vida de oração. Por conhecer o ambiente acadêmico da teologia posso afirmar, os nossos seminário pecam por não ensinar a verdadeira base para o êxito ministerial. E esta verdade corresponde ao que Paulo exorta a Timóteo dizendo:
Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo. Para isso fui designado pregador e apóstolo mestre da verdadeira fé aos gentios. Digo-lhes a verdade, não minto. Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões (1 Tm 2.1-8, NVI – grifo nosso).
Na sua primeira carta, Paulo não está preocupado com o academicismo de seu futuro substituto. Se ele daria conta de debater teologicamente as questões complexas da fé ou não, antes, ele exortou a Timóteo a não agir assim e a orientar outras pessoas não viverem ocupadas com “fábulas que promovem discussões do que o serviço de Deus na fé” (1 Tm 1.4).
Paulo se preocupava primeiramente com a vida de oração de Timóteo. A texto acima coloca a oração como sendo prioridade. “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões...”. O exercício da piedade é um constante pedido de Paulo a Timóteo: “Rejeite, porém, as fábulas profanas de velhas e exercite-se na piedade. O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura. Esta é uma afirmação fiel e digna de plena aceitação” (1 Tm 4.7,8).
Nós, novos obreiros precisamos priorizar a vida e de oração. Nossa preocupação não deve ser em concorrer com o colega que sabe tanto ou mais do que nós; não deve ser a persuasão das pessoas por meio de palavras, mas de uma vida de oração. Antes de pregarmos bem, devemos orar bem, e sempre. Orar por todos os homens, pois esta é a vontade de Deus, a salvação deles. E esta salvação não vem por meio de palavras belas mas por meio de Cristo. E para que Cristo salve por meio do nosso ministério, Paulo pede: “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões”.
Oswald Sanders, falando sobre a vida de oração do líder, diz que:
Dominar a arte de orar, como outra arte qualquer, exige tempo. O tempo que dedicamos à oração é a verdadeira medida de nosso conceito da importância da comunhão com Deus. Nós, sempre encontramos tempo para aquilo que realmente consideramos importante. [...] Para o ocupadíssimo Martinho Lutero, trabalho acumulado era o argumento para dispender mais tempo em oração. ouça sua resposta a uma pergunta sobre seus planos quanto aos trabalhos do dia seguinte: “trabalhar, trabalhar desde cedo até bem tarde. Na verdade, tenho tanto trabalho para fazer que passarei as primeiras três horas em oração.” Se nosso conceito da importância da oração aproxima-se, de alguma forma, do de Lutero e do Deus de Lutero, de alguma forma arranjaremos mais tempo para a oração (SANDERS, 1989, p. 75).
A oração precisa ser prioridade na vida do líder e na agenda da Igreja[1]. Um ministério não será bem sucedido por meio de diplomas e palavras persuasivas. Mas por meio de uma vida de oração. Uma enfermidade ou as dificuldades resultantes da idade avançada podem comprometer a atividade ministerial, mas jamais comprometerá a vida de comunhão com Deus, antes, a aprofundará.
2. A INFLUÊNCIA DE PAULO NO TRATAMENTO INTERPESSOAL DE TIMÓTEO (1 Tm 5.1-2)
No fim do capítulo quatro Paulo exorta a Timóteo para que viva de tal modo, que ninguém venha desprezá-lo por sua mocidade. Para isto, Timóteo deveria ser “padrão”, “modelo”, “exemplo” dos fieis em todos os sentidos. O propósito desse modo de viver resultaria na salvação de si mesmo e dos que o ouviam (4.12-16).
Pensando nos ouvintes de Timóteo, Paulo lhe aconselha a trata-los de acordo com a sua idade. Um relacionamento respeitoso para com todos os crentes:
Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; ​às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.
2.1. Respeito aos mais velhos como sendo pais
Timóteo não teria o direito de tratar os mais velhos com arrogância pelo fato de ser o líder da Igreja. Antes, deveria seguir o exemplo de Paulo que o admoestou dizendo: ​Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia (1 Tm 1.5).
Com amor e respeito era a maneira como os mais velhos deveriam ser tratados. Concordo com Champlin quando afirma que:
Os homens idosos, visto que devem ser tratados como pais, não deveriam receber ataques verbais contundentes da parte dos mais jovens, da parte de líderes da igreja, etc. é exigida bondade, o tato no tratamento, e, acima de tudo, a correção e a disciplina governadas pelo amor (CHAMPLIN, 2014, vol.5, p. 428).
2.2. Respeito aos da mesma idade como sendo irmãos
Os novos obreiros devem exercer o maior cuidado no relacionamento com os da sua mesma idade. Estes devem ser tratados como irmãos. As expressões do texto “como a pais”, “como irmãos” trás a ideia de família. Esta é a natureza da igreja que recebeu do Pai as bênçãos espirituais por meio do Filho (Ef 1.3).
Paulo cuida para que Timóteo não se envolva em conversas desnecessárias, palavras torpes, discussões indevidas e comportamentos inadequados a um obreiro de Deus: “Timóteo, guarde o que lhe foi confiado. Evite as conversas inúteis e profanas e as idéias contraditórias do que é falsamente chamado conhecimento” (1 Tm 6.20).
Temos a tendência de nos portarmos de forma inadequada a um líder cristão. As amizades não podem nos fazer esquecer de quem somos e o que somos. Tal como Timóteo, devemos nos apresentar a Deus como obreiro que não tem do que se envergonhar. E evitar falatórios inúteis e profanos com linguagem que corrói como câncer (2 Tm 2.15-17).
2.3. Respeito ao sexo oposto, com toda pureza
Timóteo já tinha sido orientado a ser padrão dos fieis também na pureza. E mais uma vez, o velho e experiente apóstolo aconselha o jovem obreiro a zelar por sua reputação. E isto deveria ser aplicado no seu relacionamento com as jovens da igreja.
Veja que Paulo não enfatiza a pureza no tratamento com os mais velhos e os moços, mas, em relação às moças, estas deveriam ser tratadas não somente como irmãs, mas com toda pureza.
Aqui está implícito o evitar a aparência do mal; a concupiscência da carne; a tentação sexual. Timóteo como responsável por uma igreja certamente seria procurado por mulheres em busca de conselhos e orientação, e como resultado disso, ser levado a pecar.
A revista Ultimato[2] trouxe como matéria de capa o tema “Fuja da Imoralidade Sexual”, e um artigo sobre este problema registrado somente no livro de Gênesis. Casos como:
1.      A mulher (Sara) que sugeriu ao seu marido que se deitasse com outra mulher;
2.      As moças que se deitaram com o seu próprio pai, Ló;
3.      O príncipe Siquém que estuprou uma jovem (Diná) de outro país;
4.      O rapaz (Rúbem) que se deitou com a mulher do pai (Jacó);
5.      O viúvo (Judá) que se deitou com a nora (Tamar);
6.      A mulher casada (com Potifar) que tentou dormir com um jovem solteiro, José.
Os casos acima podem ser classificados pelos mais diversos pecados relacionado á imoralidade sexual: bigamia, incesto, estupro, adultério, fornicação, etc.
Estes pecados cercam homens e mulheres até hoje e vai cercar até que Cristo nos arrebate. A pureza no relacionamento com o sexo oposto é extremamente necessário na vida dos obreiros.
4. A INFLUÊNCIA DE PAULO NO MINISTÉRIO DE PREGAÇÃO DE TIMÓTEO
Uma vez que Timóteo não deveria ter do que se envergonhar, envolvendo todas as áreas da sua vida, isso incluía também o seu ministério de pregação, pois deveria manejar bem a palavra da verdade (2Tm 2.15). Manejar bem a palavra da verdade inclui a forma, o conteúdo e o propósito da pregação.
4.1. A forma devida de pregação
Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. ​Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade” (1Tm 4.6-7).
A forma como Timóteo deveria pregar a Palavra de Deus era:
1.      Expondo-a; ou seja, transmitindo o que ela de fato está falando e não o que pensa ou acha que ela está falando. É somente o que a Bíblia diz que pode nutrir, alimentar aqueles que a ouvem;
2.      Evitando o que não é necessário; assuntos irrelevantes que não condizem com o que a palavra de Deus quer dizer. Fábulas é algo irreal, que só existe no imaginário. Estas coisas não se aplicam a Palavra de Deus.
3.      Exercitando-se na piedade; é impossível expor a verdade sem amor e respeito por elas. Afinal, esta é uma definição básica para a palavra piedade, “amor e respeito pelas coisas religiosas[3]. A piedade envolve o estilo de vida (1Tm 4.12); a diligência (4.15) e o zelo com a doutrina (4.16).
4.2. O conteúdo devido da pregação
Paulo exorta o jovem obreiro à tão somente “pregar a palavra”. E a palavra na sua essência contém vida, é isto que a torna eficaz (Hb 4.12). destacamos algumas expressões utilizadas por Paulo para se referir a Palavra de Deus:
1.      “palavras da fé e boa doutrina”(1Tm 4.6);
2.      “sãs palavras” (2Tm 1.13);
3.      “sagradas letras” (2Tm 3.14);
4.      “sã doutrina” (2Tm 4.3);
Vejamos que lição o príncipe dos pregadores, Charles Spurgeon dar aos seus alunos sobre o conteúdo da pregação:
Os sermões devem conter verdadeiro ensino, e sua doutrina deve sólida, substanciosa e abundante. Não subimos ao púlpito para falar por falar. Temos instruções extremamente importantes para transmitir, e não podemos nos dar ao luxo de pronunciar belas nulidades.
Os seus ouvintes desejam ardentemente sadia informação sobre assuntos bíblicos, e precisam tê-la. Eles tem direito a explicações precisas das Escrituras Sagradas, e se cada um de vocês for “um intérprete, um de mil”, um verdadeiro mensageiro, você as dará com abundância. (SPURGEON, 2015, pp. 107, 109).
4.3. O propósito devido da pregação (2Tm 3.14-17)
Tudo tem um propósito na vida. Com a pregação não é diferente. Na segunda epístola, Paulo ao tratar sobre a utilidade das Sagradas Escrituras ele pede a Timóteo que permaneça no que aprendeu, uma vez que sabia das sagradas letras desde a infância. A razão para isso é que toda Escritura é inspirada por Deus para os seguintes propósitos:
1.      Útil para o ensino; o que pregamos, independente do tempo da pregação, do tipo de sermão ou do público que nos ouve, deve sempre conter algo importante para se aprender. Os ouvintes precisam aprender alguma lição daquilo que lhes anunciamos.
2.      Útil para repreensão e para correção; a NTLH traduz esta expressão por “condenar o erro, corrigir as faltas”. Trás a ideia de exortação que significa basicamente “chamar ao canto” com a finalidade de chamar-lhe a atenção.
3.      Útil para educação na justiça; este propósito é vivido pelo salmista quando diz: “Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra. Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Sl 119.9,11). A pregação bíblica tem o poder de “ensinar a maneira certa de viver” (NVI).
4.      E finalmente útil para habilitar o homem para toda boa obra; o ser humano só pode ser capaz de fazer boas obras que agradam à Deus depois de ter sido moldado segundo os padrões do Evangelho que o transforma.
A transmissão da verdade é tão vital para a transformação do caráter que, mesmo havendo pessoas que não suportam a sã doutrina, Timóteo é exortado a pregar a palavra “quer seja oportuno, quer não”, a fazer o “trabalho de um evangelista” e apesar das aflições, “cumprir cabalmente o ministério” (2Tm 4.2-5).
 5. A INFLUÊNCIA DE PAULO NA VIDA DE ESTUDO DE TIMÓTEO
O interesse pelo estudo não é genético, não se nasce com aptidão para a leitura e o estudo assíduo de coisas importantes. Não basta ser crente para se conhecer toda a Escritura, temos que mergulhar neste mar de conhecimento para entendermos a vontade de Deus escrita aoss homens.
Todo ser humano é influenciado por alguém para alguma coisa. Os que são “Camboriunistas”[4], são influenciados a terem fama, pregar somente para multidões e o pior de tudo, ganhar dinheiro vendendo pregações. Não é assim que Paulo orienta, devemos dar de graça o que de graça recebemos.
O bom aluno que admira o bom professor tende a buscar às mesmas fontes de conhecimento. Da mesma forma, para ser um bom pregador, não basta ir ao Seminário ou comprar livros, deve-se seguir exemplos de bons pregadores.
Paulo como mestre da lei que era, orienta ao jovem pregador a “persistir em ler”, a dedicação à leitura iria lhe proporcionar a oportunidade de exortar e ensinar até a chegada de Paulo (1Tm 4.13).
Paulo mesmo estando preso em Roma, após entender que a sua morte estava próxima (2Tm 4.8), não abandonou o hábito da leitura. Provavelmente não teria mais tempo para pregar á multidões, ou até mesmo para escrever outra carta. Mas, o seu apego à leitura é latente quando coloca os livros no mesmo grau de prioridade de uma capa em tempos de inverno. Ele pede a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, especialmente os pergaminhos” (2Tm 4.13).
Spurgeon considera os obreiros que não leem como “obreiros mal euipados”. Eles diz:
Por mal equipados quero dizer quero dizer que tem poucos livros, e escasso ou nenhum recurso com que comprar mais. Este estado de coisas não deveria existir em caso algum. [...] Uma boa biblioteca deve ser considerada como parte indispensável da equipagem da Igreja; e os diáconos, cuja atividade consiste em “servir as mesas”, serão sábios se, sem negligenciarem a mesa do Senhor [...] derem uma olhada na mesa do seu gabinete, e a mantiverem suprida de novas obras e de livros básicos com razoável abundância (SPURGEON, 2015, p. 273).
O pregador precisa ler não somente a palavra, mas o mundo ao seu redor. Ler os textos antigos e a nova sociedade a sua volta. O pregador que não semeia no seu estudo, não colhe no púlpito.
CONCLUSÃO
Como servos de Deus, devemos seguir os bons exemplos no exercício do nosso ministério. Paulo tinha a consciência de que era um bom exemplo para a vida e ministério de Timóteo:
E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros (2Tm 2.2, RA – grifo nosso).
​Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos(2Tm 3.10,11).
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste (2Tm 3.14)
Afirmo ao veteranos que hoje me ouvem, precisamos de vocês! Precisamos da vossa experiência que somado à nossa força nos ajudará a trilhar nos seus passos. Lembro de uma frase que diz, “se os jovens fizerem o que podem, e os velhos fizerem o que sabem, certamente iremos mais longe”. Nós jovens temos força e vontade, mas não temos a experiência e a sabedoria que vocês adquiriram ao longo da jornada ministerial. Precisamos de vocês.
Aos jovens obreiro eu afirmo que precisamos seguir exemplos de homens que dedicaram a vida à evangelização e plantação de Igrejas como o pastor missionário João Jonas. Homens que apesar das dificuldades e já na vida adulta dedicaram a vida ao estudo como o saudoso pastor Estêvan Ângelo de Sousa. Homens que mesmo depois de jubilado, se dedicam à leitura constante como o nosso querido pastor Boaventura Pereira de Sousa.
Não podemos esquecer-nos da vida e legado que estes homens nos deixaram. Paulo foi o espelho de Timóteo, precisamos resgatar os valores da vida destes servos de Cristo como padrão de vida e ministério, certo de que, o mesmo Deus que foi com eles, será conosco sempre!
Pr. Járber Sousa
Ministro Assembleiano, Mestrando em Teologia.

Referências Bibliográficas
Spurgeon, Charles H. Lições aos meus alunos, homilética e teologia pastoral. São Paulo: PES, 2015.
____________ Conselho para obreiros. São Paulo: Vida Nova: 2015.
Sanders, J. Oswald. Liderança Espiritual. São Paulo: Mundo Cristão, 1989.
LOPES, Hernandes Dias. De pastor a pastor, princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus. São Paulo: Hagnos, 2008.
HAGGAI, John. Seja um líder de verdade, liderança que permanece para um mundo em transformação. Venda Nova: 1990.



[1] LOPES, 2008, p. 71.
[2] ULTIMATO, nº 358, edição de janeiro/fevereiro de 2016.
[3] Dicionário Aurélio Júnior, 2ª edição, Curitiba: Ed. Positivo, 2011
[4] Termo que utilizo ao me referir ao que “idolatram” os pregadores de Camboriú.