INTRODUÇÃO
João Batista é um dos personagens mais
interessantes do Novo Testamento. Como percussor do Messias ele tem muito a nos
ensinar sobre a motivação do nosso testemunho cristão aos que não conhecem o
salvador.
Vivemos dias trabalhosos em que parte
dos que se consideram ‘igreja’ não pregam a Verdade e por isso não vivem a
essência do evangelho conforme nos diz as Escrituras. Diferente de Paulo, que
se tornou um grande pregador do Evangelho após seu conhecimento pessoal de
Cristo (At 9), o profeta João Batista transmitiu aos homens do seu tempo
verdades vitais sobre o Messias, mesmo antes de tê-lo conhecido (v.31).
A semelhança de João Batista e dos
discípulos de Jesus, nós também fomos chamados para sermos testemunhas de Jesus
(At 1.8). é dever nosso transmitirmos a verdade como ela é e está registrada na
Bíblia. O Evangelho como poder de Deus só pode ser testemunhado com veracidade
se for testificados por verdadeiras testemunhas que conhecem a natureza do seu
chamamento e por isso, assim como João Batista, vive os seus dias na terra
“clamando no deserto” (v.23) exortando aos pecadores sobre a vinda do Messias.
É sobre esta voz, este testemunho, seus
fundamentos e a sua atualidade para a igreja atual.
Analisando o texto em estudo, podemos
observar que em primeiro lugar, o testemunho de João Batista estava alicerçado:
1. NA
COMISSÃO DIVINA – v.6;
“Houve um homem enviado por Deus, cujo
nome era João”.
Esse é o testemunho do discípulo amado,
o apóstolo João. Ele apresenta João Batista como sendo enviado de Deus.
Comissionado oficialmente pelo Senhor para uma missão específica; endireitar o
caminho do Senhor.
Mas não somente o apóstolo, o próprio
João Batista tinha conhecimento da comissão divina. Quando questionado pelos
sacerdotes enviados de Jerusalém sobre que ele tinha a dizer sobre ele mesmo,
João responde enfaticamente; “Eu sou a
voz do que clama no deserto” (v.23). Após o batismo de Jesus, João batista
declara novamente a convicção que tinha da sua comissão; “Eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar...”.
Percebemos então, queridos, que uma das
bases da nossa pregação e testemunho de Cristo deve estar alicerçado na vocação
divina. Quando Deus envia, ele se responsabiliza. Quem não é chamado, não pode
ser enviado. Assim como Jesus fez com os seus discípulos; “chamou os que ele mesmo quis” para depois os “enviar para pregar” (Mc 3.13,14), também fez conosco. Somos
comissionados para sermos testemunhas fieis do Salvador, do Messias esperado.
Precisamos, assim como João Batista,
sustentar a nossa pregação na convicção do nosso chamado. Todos quantos o
receberam podem testemunhar da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. O nosso
testemunho do Salvador precisar estar bem fundamento, não no que nós achamos ou
pensamos; ou simplesmente no que nos falaram a respeito dele, mas na certeza de
que fomos chamados por Deus para sermos testemunhas da Verdade.
Somente os que foram realmente
comissionados por Deus, compreendem o valor do imperativo; “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc
16.15).
Uma vez conhecendo a natureza do seu
chamado, João Batista prega a sua mensagem como veemência sustentada em outras
verdades, como por exemplo:
2. NA
PREEXISTÊNCIA DE CRISTO – v.15;
João, no seu testemunho afirma: “o que vem depois de mim tem, contudo, a
primazia, porquanto já existia antes de mim”.
Em outras palavras, João estava dizendo
“o meu sucessor é o meu antecessor”. Jesus viria em forma humana, mas já
existia desde a eternidade. Esta verdade é destacada nos primeiros versos do
evangelho deo apóstolo João.
No princípio:
- Jesus estava com Deus – vv.1,2;
- Jesus era Deus – v.2;
- Jesus é antes de todas as coisas, razão pela qual tudo foi feito por ele – vv.3,10.
João Batista tinha a plena convicção de
que a essência da sua pregação, o Messias, era antes de todas as coisas,
eterno. Esta afirmação se apoia no verso 30, quando o Batista reforça a sua
certeza a respeito da preexistência de Jesus. João não foi comissionado para
testemunhar de alguém não eterno, limitado e finito. Deus o enviou para
testificar daquele que existe desde a eternidade, Jesus.
O testemunho de João reflete sua
confiança nesta verdade ao destacar três pontos importantes acerca de Cristo
que nos levam a entender porque o Verbo é preexistente:
1.
Porque Cristo é Deus – v.18;
Esta é uma verdade da qual o evangelista não deixa dúvidas (vv.1-3).
Semelhantemente, João Batista ao se referir a Jesus como sendo o “Deus unigênito
que está no seio do Pai”. Esta expressão corresponde à outra, “Filho
unigênito” (3.16) em muitas outras variantes do texto sagrado. Com esta
declaração, João Batista testemunha que o Cristo é tanto “unigênito”, como
também “divino”.
Somente um Ser divino por natureza pode ser preexistente.
Como ele, outro não há, razão pela qual ele é “unigênito.
Outro ponto importante que nos permite
entender a sua preexistência é;
2.
Porque Cristo é superior – 27;
A superioridade de Cristo é outra verdade que sustenta o
testemunho de João Batista. Além de reconhecer que foi comissionado por Deus aceita
também o fato dele ser inferior, e não igual ou maior do que aquele a quem ele
veio anunciar.
Jesus é superior por que é Deus desde a eternidade (vv.1,2);
porque é criador de todas as coisas (3,10); porque cheio de glória e o
unigênito do Pai (v.14). Sabendo destes fatos, João Batista não poderia
testificar de outra coisa a não ser que ele é o menos dos “escravos” ao
declarar que não é “digno de desatar-lhe
as correias das sandálias”.
Desatar as sandálias, como registrado no evangelho joanino
ou carregar as sandálias, como escrito por Mateus em 3.11 era um trabalho
destinado aos escravos. João estava com isto dizendo que não era digno de se
quer cumprir com seus deveres de escravo mais vil em comparação com a grandeza
da posição de Jesus. Isto nos leva a entender que somente um ser superior a
tudo e a todos, pode ser preexistente.
Por seu Deus e superior, João testemunha por duas vezes que estas são razões pela qual ele, Jesus, é
digno de toda a primazia.
3.
Por isso tem a primazia – 15,30;
Nestes dois versículos, João Batista testemunha por duas
vezes e com as mesmas palavras que Jesus tem a primazia por existir antes dede.
João entende que sendo Deus superior a todas coisas deve ter a primazia em
tudo. Por isso, ele testemunha com tanta veemência na pregação a respeito do
Verbo divino.
A compreensão que temos do Deus a quem anunciamos
define se o fundamento da nossa pregação é sólido ou vulnerável. Um testemunho
de alguém que é preexistente por ser Deus, superior e que é digno de toda a
primazia sem dúvidas é bem alicerçado. Verdade incontestável sobre o Salvador
que anunciamos aos pecadores que nos ouvem, suficiente para torna-los filhos de
Deus (v.12).
Cumpramos a nossa tarefa de sermos
testemunhas do único Senhor, suficiente para salvar a todos quantos venham crer
no seu nome. Pois pregamos um Cristo único, singular e verdadeiro.
A pregação de João estava fundamentada
não somente no que ele sabia sobre o seu chamado e sobre o Verbo, mas:
3. NA
EXPERIÊNCIA PESSOAL – vv.16;
Muitos baseiam seu testemunho de fé num
mero conhecimento teórico e superficial. Sabem que Jesus é Deus, mas nunca
experimentaram o seu poder. Pregam que Jesus é o Senhor, mas não se deixam
governar por ele. Anunciam que ele é salvador, mas nunca passaram pela
experiência do novo nascimento. Pregam, mas não vivem.
João Batista não sabia de forma simples
sobre o Messias. Ele havia recebido informações do próprio Deus: “Eu não o conhecia; aquele, porém, que me
enviou a batizar com água, me disse....” (v.32). João experimentou um
conhecimento que veio do próprio Deus. E isto corresponde ao que ele já havia
declarado no verso 18: “Ninguém jamais
viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”.
Percebemos nitidamente que João vivia
uma experiência fundamentada no que ele havia recebido de Deus. Observe que ele
diz no verso 16: “Porque todos nós temos
recebido de sua plenitude e graça sobre graça”. É claro que ele não se
referia à graça salvadora, mas a graça divina manifestada sobre eles. E que
gradativamente poderia se tornar abundante na vida de que recebesse a Cristo
como o Messias.
A expressão graça sobre graça nos fala
de um suprimento sempre mais crescente da parte de Deus sobre nós. João havia
experimentado dessa graça e por isso testemunhava com convicção sobre aquele
por meio de quem viria a graça e a verdade (v.16).
Precisamos experimentar diariamente da
graça de Deus sobre nossas vidas para termos condições suficientes para
testemunharmos da verdade. Falar com precisão sobre o que sabemos de Cristo.
Dizer que Jesus salva e com nossa vida mostrarmos que já fomos salvos; que
Jesus perdoa porque nos perdoou; que ele leva para o céu, porque cremos que ele
fará isso. Transmitir com confiança a verdade aos pecadores que precisam de
provas do nosso testemunho. E o nosso testemunho da verdade só será eficiente,
se já tivermos experimentado na vida o que anunciamos.
Por fim, o último ponto que desejo
compartilhar sobre os fundamentos da pregação ou do testemunho de João Batista
é a sua convicção:
4. NA
MISSÃO DIVINA DE JESUS – v.29;
João Batista não poderia ter segurança
em anunciar alguém que ele não soubesse o que faria. Ele não somente testificou
sobre quem era o Messias e sua superioridade, mas também a sua missão na terra:
“...viu João a jesus, que vinha para ele,
e disse: Eis o Cordeiro de deus, que tira o pecado do mundo!”.
Era esta a verdade de que o mundo
estava precisando. De alguém que perdoasse os seus pecados e os libertasse da
condenação e não somente os libertasse do poder do império Romano.
Esta missão de Jesus reflete a
manifestação do próprio Deus entre os homens (v.14). Somente como Emanuel,
sendo Deus presente, Jesus poderia salvar dos pecados e da morte. O anjo
Gabriel deixou isso bem claro a José (Mt 1.21) e a Maria (Lc 1.30) sobre a
missão de Jesus, sobre salvar dos pecados.
Não era uma propaganda enganosa, um
anuncia que requeria conveniência, mas arrependimento e fé daqueles que
buscavam a salvação.
É esta a verdade que o mundo precisa e que
a teologia da prosperidade não tem. Antes, pregam um Cristo que dar vida “boa”
sem sofrimento e sem pobreza, e não um Jesus que salva e liberta, que cura e dá
vida. Os seguidores da teologia da prosperidade testemunham que receberam bens,
riquezas e fama. Mas os que testificam da missão de Jesus, testemunham que
receberam o perdão dos pecados, a certeza da salvação e a esperança da vida
eterna.
CONCLUSÃO
João Batista teve o seu ministério
interrompido na terra ao ser decapitado (Mt 14:1-12; Mc 6:14-29 e Lc 9:7-9), mas, nem mesmo a morte apagou o seu
legado, a persistência em testemunhar do que sabia e havia recebido de Deus.
Tiraram a sua cabeça do corpo, mas não a sua pregação dos corações dos que
creram. Tiraram a sua vida na terra, mas não a certeza da vida eterna que ele
havia encontrado naquele a quem anunciara durante o seu ministério no deserto.
Precisamos de
testemunhas como João Batistas em nossos dias. Homens e mulheres que tenham a
certeza de quem foram comissionados por Deus para serem testemunhas de um Deus
único e que tenham como fundamento do seu testemunho a experiência vivida por
quem já aceitou a Cristo como Salvador.
Que a nossa fé e
testemunho estejam sempre alicerçados nesta verdades aqui estudadas; na
convicção do nosso chamado; na convicção de o Salvador de quem somos
testemunhas é eterno; na nossa experiência de sermos alvos das graça de Deus e
na convicção de que a missão de Cristo não é outra senão, tirar o pecado do
mundo, buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). João testemunha que de fato Jesus
é o Filho de Deus (v.34), somente o Filho de Deus é quem pode libertar o homem
dos seus pecados e dá-los a vida eterna (3.16,17).
Sejamos, pois, irmãos,
testemunhas fieis do Jesus Cristo, pregando a verdade em todo o tempo e lugar.
Sendo fieis às nossas convicções segundo as Escrituras, pois somente um
testemunho segundo as Escrituras (1Co 15.1-4) será o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê.
Que o Senhor Jesus nos
guarde no seu amor. Amém!
Pr. Járber Sousa
Em 25 de maio de 15