terça-feira, 23 de março de 2010

PEDRO; A FORMAÇÃO DE UM GRANDE DISCÍPULO - MARCOS 16.7




INTRODUÇÃO:

Raramente se ouvi preleções concernentes a vida de Pedro e quando ouvimos geralmente se enfatiza o seu lado frágil, que o identifica como um covarde. É esta a imagem que temos a respeito de Pedro, e nossas crianças também são ensinadas quase da mesma forma. De maneira que se você perguntar a uma criança na E.B.D alguma informação sobre Pedro, provavelmente a resposta será; Aquele que negou Jesus.

Em fim, todo este aspecto negativo da vida de Pedro nos faz esquecer que é o que mais aparece nos evangelhos e mesmo com os seus erros e fracassos podemos extrair lições valiosíssimas e aplicá-las à nossa.

Sua ousadia, seu temperamento sanguíneo, sua determinação, suas dúvidas e muitas outras características que envolvem a pessoa intrigante desse nobre apóstolo, nos farão compreender melhor a razão pela qual Pedro não terminou sua carreira como um simples pescador, indouto de conhecimento. Mas como um homem que aprendeu a tirar lições com seus erros e usá-las para tornar-se um dos mais nobres líderes do rebanho do Senhor. Um mestre da palavra e conservador das doutrinas ensinadas por Cristo.

Nesta ocasião quero meditar um pouco com você sobre alguns traços da vida deste homem que se tornou um dos principais representantes do cristianismo de sua época. Um humilde pescador que ultrapassou as barreiras dos questionamentos e dúvidas e tornou-se um grande discípulo, seguidor de seu Mestre e o melhor, um grande discipulador.

E um dos primeiros pontos a ser tratado no processo da formação do seu caráter segundo a imagem do seu mestre é;

1. O SEU CHAMADO – Mc 1.16-18

“E Jesus disse; vinde após mim, e eu farei que sejam pescadores de homens. E, deixando logo as suas redes, o seguiram.” vv.17,18

Como vimos, Pedro era um homem simples, comum e morava numa região pobre da Galiléia, vivia da pesca e com ela sustentava sua família. No entanto não hesitou em atender ao chamado do Mestre. Uma vez que este lhe fizera uma promessa. Promessa essa que resultaria no grande apóstolo que ele se tornaria. Uma promessa que envolveria todas as suas habilidades, experiências e até mesmo as suas limitações no grande trabalho ao qual o Senhor Jesus lhe comissionara. Uma promessa que requereria um grande esforço de sua pessoa, e com a paciência indescritível de Jesus para trabalhar seu caráter e envolvê-lo num processo de transformação que resultaria no cumprimento de tal promessa, a de ser feito literalmente um pescador de almas com a rede do evangelho para o Reino de Deus.

Um aspecto a ser mencionado no seu chamado, é a sua determinação. Uma determinação que retrata todo o seu perfil, o tipo certo de pessoa para trabalhar na árdua tarefa de proclamar o evangelho. Uma determinação que refletia todo o seu caráter no seu processo de formação discipular. Uma confiança inimaginável vinda de um homem sanguíneo, exausto pelo calor do sol e das ondas do mar.

No entanto, aquele que o chamara tinha algo melhor e mais sublime para a sua vida. Embora Pedro com certeza não tivesse se quer, uma noção do que lhe aguardava. Mas que resultou no primeiro passo para que Jesus começasse a moldar o seu caráter e trabalhar suas habilidades para então o envolver no seu plano de salvar as pessoas dos pecados.

Em Mateus 10.1 vemos que Jesus após nomear seus dozes discípulos, dos quais Pedro era o primeiro (v.2) lhes dá poder e autoridades sobre os espíritos imundos, sobre as enfermidades e todo mal. Era com este poder que a vida de Pedro seria revolucionada no final de sua formação como seguidor de Cristo Jesus.

Meus queridos, este foi um aspecto extraído da vida de Pedro pelo qual gostaria de impulsionar você a não desistir da jornada cristã. Se você tem um chamado, não são os teus erros, as tuas falhas que serão motivos para te impedir desta nobre missão.

Não é as tuas limitações que irão delimitar o teu nível de comunhão com Cristo e até mesmo o teu sucesso ministerial. Pois como diz certo ditado; saboreie o peixe, deixando as espinhas de lado. Ou seja, os teus erros e falhas são corrigidos por aquele que te chamo e te perdoa de todos os teus pecados (1 Jo 2.1). As tuas limitações são quebradas por Cristo que ultrapassou os limites da vida humana e nos fez mais que vencedores, e nada nem ninguém nos impedirá de ser amado por ele.

Portanto meu santos, aquele quem vos chamou é poderoso parta fazer muito mais do que pedimos e pensamos e que começou a boa obra é o mesmo que completará até que chegues à estatura dede varão perfeito. Tão somente faça como Pedro, ouse, tenha determinação, encare teus erros, corrija-os e extraia as lições necessárias para o teu crescimento espiritual e tua capacitação ministerial na seara de Cristo. Pois seguindo a Cristo estarás seguro no caminho que te conduzirá a vida.

2. AS SUAS FALHAS – Mt 26.69 – 75

“E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera; antes que o galo cante três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” V.75

Pedro era um discípulo dedicado, que buscava exercitar a fé, embora demonstrasse um pouco de volubilidade, como levou o incidente em que Jesus andou sobre a água. Ele admitia sua ignorância e a própria pecaminosidade (Mt 15.15) e quando tinha dúvidas fazia muitas perguntas (Jo 13.24). Apesar de receber uma revelação divina a respeito da identidade de Jesus, rejeitou qualquer noção da sua morte, uma atitude que Cristo atribuiu ao próprio diabo.

Pedro é lembrado por contradizer Jesus quando este falou que os discípulos o negariam. Assim como os outros, replicou que estava disposto a morrer e jamais negaria o Mestre (Mc 14.29; Jo 13.36-38). Falhou em vigiar e orar junto com Jesus, apesar do aviso de que o espírito estava preparado, mas a carne era fraca (MT 26.37-44) no momento da prisão de Jesus, numa atitude impetuosa, cortou a orelha de Malco, empregado do sumo sacerdote (Jo 18.10).

No pátio da casa de Caifás, a determinação de Pedro entrou em colapso, não adiante de um tribunal, mas da pergunta de uma jovem empregada. A enormidade de sua negação, em cumprimento à profecia de Jesus de que ela aconteceria antes do amanhecer do dia seguinte, fez com que ele chorasse amargamente (Lc 22.54-62).

Sem sombra de dúvidas, como mencionado na introdução, não há maior menção das falhas de Pedro do que a sua negação de Jesus. Foi este ato que o marcou como um fracassado. Um mísero pescador chamado pelo Mestre Jesus para aprender as palavras de vida, perde uma oportunidade dessas resultando num misero covarde.

Mas nós não devemos nos esquecer de que toda a vida de Pedro foi um processo de aprendizado e de transformação do seu caráter. E que estamos estudando os pontos positivos de sua vida que contribuíram para que ele se tornasse um dos mais nobres discípulos de Cristo. E por inacreditável que pareça, o episódio em que ele negou conhecer Jesus por três vezes nada mais era do que um cumprimento das palavras de Jesus.

Eu não negaria você não negaria. Quem negaria conhecer um homem que transformava um velório em festa; que trazia a alegria de viver a um pai aflito pela morte da filha ou a de duas tristes mulheres pela morte de seu irmão. Um homem que por onde passava gerava admiração, mesmo que em meio ás discussões e críticas era um homem intrigante e maravilhoso. Um homem que saciava a sede e supria a fome dos que lhes seguiam. Quem o negaria? Você negaria aquele que te chamou para segui-lo e fazer de você uma nova pessoa com boas expectativas e esperança para o futuro?

Certamente que não! Era este o mesmo pensamento de Pedro, no momento nem ele nem os demais discípulos negariam. A verdade é que mesmo de forma direta todos negaram a Jesus. Onde estavam eles quando prenderam Jesus? Quando Jesus estava sendo massacrado pelos açoites dos carrascos? Quando levava a sua cruz sobre as pedras de uma rua que viria a ser conhecida como a via dolorosa? Onde estava quando estava fincando as mãos e os pés de Jesus naquela cruz? A diferença é que Pedro negou com palavras, os outros foram tão mais covardes que se quer há espaço nas escrituras para mencionar onde eles estavam, mas também isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Isaias; que ele pisou o lagar sozinho.

Ter medo, dúvidas, questionamentos não é errado para quem é discípulo. Pois faz parte do aprendizado. E sem erros não há correções, sem dúvidas não há compreensão, sem questionamentos não há respostas. Todas estas falhas fazem parte de um processo de um grande discipulado. Você foi chamado. E talvez tenha tentado desistir porque você não se libertou ainda de algo do passado. Hei, aquele que te chamou é o dono do poder, é o dono do perdão. Ele é perito em concertar erros, em tirar dúvidas e o melhor, de apagar o passado.

E este o último ponto na formação de um grande discípulo que quero analisar com você;

3. A SUA RESTAURAÇÃO – Mc 16.7; Lc 24.11,12; Jo 21.15-19

”Mas ide, dizei aos discípulos e também a Pedro...”

Marcos nos informa o ponto “x” do início da restauração de Pedro. Imagina a decepção em que ele se encontrava. Havia negado aquele que lhe chamou, dando-lhe poder e autoridade fazendo por meio dele muitos sinais e maravilhas. Na sua mente talvez devesse estar passado o filme aterrorizante do momento em que o galo canta como uma voz de acusação, apontando para o sinal de que ele não prestava, não tinha jeito, era um caso perdido. Só lhe restava tão somente, chorar amargamente.

Mas, Jesus, aquele que o chamou o conhecia mais do que ninguém, sabia de cada um dos seus pontos fracos, tanto é que previu que Pedro o negaria três vezes. E ninguém mais do que Jesus para tratar dessa ferida na alma de Pedro. Eis a razão de Jesus mandar avisar aos discípulos e a Pedro, pois sabia do complexo pelo qual Pedro estava passando e queria tratá-lo.

Marcos não nos informa mais Lucas menciona com bastante precisão a atitude dos discípulos em contraste com a de Pedro ao receberem a notícia das mulheres. Observe;

“E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não creram. Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se viu só os lenços postos ali, e retirou-se, admirando consigo aquele caso.” Lc 24.11,12

Eu me alegro ao ler esta passagem, pois embora Pedro estivesse arrasado com sua atitude, ainda prevalecia no seu caráter aquilo que era necessário para se tornar um grande discípulo, a mesma determinação que atendeu ao chamado de Cristo quando estava pescando era a mesma que o fez agir diferente dos dez discípulos que com ele estava. Levantou-se e foi ao sepulcro, chegando lá nada encontrou senão os lençóis, mesmo assim voltou maravilhando com o que vira.

Em João 21.15-19 vemos um particular entre Cristo e Pedro, o ápice de sua restauração e o ponto que o conduziria a marcar a história do cristianismo. Jesus por três vezes indaga-o concernente ao seu amor, fazendo-o confessar com sinceridade. Pedro se entristece por ter Jesus lhe perguntado pela terceira vez; se ela não o amasse, certamente ela reconheceria e declararia que não o amava mais do que os outros. No entanto, ele simplesmente baixa sua cabeça e declara que O senhor Jesus sabia, daí Cristo lhe entrega o cajado nas mãos comissionando-o a cuidar do seu rebanho.

De fato tal restauração é demonstrada em Atos, pois foi Pedro quem proclamou o Evangelho no dia de Pentecostes, quando aproximadamente 3.000 judeus de Jerusalém e da diáspora foram salvos. Além da cura do coxo de nascença no capitulo três. Da conversão da casa de Cornélio e muitos outros casos que demonstram o processo final de um discípulo que se tornara um dos maiores discipuladores da Igreja cristã.

Como andas? Decepcionado com si mesmo, por erros e falhas do passado? Achando-se incompetente de realizar aquilo para o qual foste chamado? Hei, levanta a cabeça, olha para o sepulcro e veja que o teu Cristo vive e manda te chamar novamente. Não hesite em atender a este chamado, tenha um encontro com ele, um particular e desabafe suas lamúrias suas decepções e amarguras que ele te restaura nesta hora e te entrega poder e autoridade, para que assim como Pedro, tu possas cumprir com sucesso o teu ministério, sem frustrações mas com frutos de justiça.

CONCLUSÃO:

Eu não poderia concluir esta mensagem de outra maneira senão a de fazer um apelo. Primeiro para você que ainda não teve um encontro pessoal com ele. De que Jesus é o dono da vida e tudo o que há você certamente já sabe de berço. Mas talvez pergunte por que tanto mal, tanto sofrimento se ele é dono de tudo o que é bom?

Quero lembrar-te de que o sofrimento também faz parte do aprendizado; até Cristo passou pelos mesmos males que você e eu passamos; chorou ao ver a carência de Jerusalém, ao sentir a perda de um amigo, Lázaro. Foi tentado no deserto por Satanás, teve sede, fome, foi caluniado, criticado em fim, passou por tudo e, no entanto, segundo as Escrituras foi obediente até a morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou.

O mesmo ele fez com Pedro, levantando-o como um profeta para a sua geração. De um humilde pescador à um grande ganhador de almas; de um mísero fracassado e covarde à um grande conquistador de vitórias e de sucesso ministerial. Deus é quem te chama, é quem cuida de você, é quem te levanta do pó. Deixa-o controlar tua vida.

Mas também a você, que já aceitou o convite e o chamado de Cristo. E se por algum motivo ou frustração do passado ou do presente andas desanimado e desacreditado do teu chamado, saiba que El não desiste de você. Assim como se lembrou de Pedro, ele se lembra de você, ele te conhece e sabe de todas as tuas limitações, tão somente deixa-o tomar a direção da tua vida e fazer-se novamente um campeão, e lembre-se que ele te deu poder e autoridade e que nada e nem ninguém pode te separar do amor dele.

Lembre de que após particular que Cristo teve com Pedro após a ressurreição, ele encerra o seu tratamento com as seguintes palavras; Segue-me! (Jo 21.19).

Siga-o e tenha a certeza de serás um grande embaixador dos céus aqui na terra e um grande arauto de Deus para anunciar a salvação e fazer discípulos por onde andares. AMÉM!!!

Seminarista Járber SOUSA
Vargem Grande Paulista-SP, 23 de Março de 2010

JOSUÉ, O PROGRESSO ESPIRITUAL DE UM LÍDER - Josué 1



INTRODUÇÃO:

Embora Josué, filho de Num, seja o personagem central do livro que leva o seu nome, ele era conhecido por Moisés muito antes de ser escolhido como o seu sucessor. Num certo momento, o grande legislador determinou um homem da tribo de Efraim, cujo nome era Oséias, mudou seu nome para Josué (Nm 13.16; cf. Dt 32.44). Oséias significa “Salva!”; Josué quer dizer “Javé é salvação”. Este ato refletiu o discernimento de Moisés em reconhecer em seu sucessor a figura cujas habilidades militares seriam o símbolo da libertação que Javé daria a Israel quando lutassem contra os inimigos de Canaã.

Falar de liderança eficaz equivale a falar de Josué. Um líder por excelência que mesmo sem estar num mar de rosas, trilhou os mesmos passos daquele a quem acompanhou durante muitos anos a ponto de ser designado sucessor de um grande libertador e legislador.

Cabia a Josué agora, não só acompanhar um grupo de escravos recém libertos ou simples grupo de nômades errantes pelo deserto. Deus já havia preparado todo o cenário para cumprir o momento mais esperado da promessa feita aos pais dessa nação, a posse da terra de Canaã. Josué que já atuara não só como auxiliar e guardião de Moisés, agora assumiria a frente de uma nação inteira fazendo-a lutar e tomar posse do que lhes fora prometido.

Todo o trajeto da vida desse grande estrategista de guerra e líder hebreu nos motiva a buscar em seu proceder princípios relevantes ao santo ministério de liderar.

Trilharemos desde os passos de Josué antes de ser visto como o futuro sucessor de Moisés, passando pela experiência do seu chamado até chegarmos ao ponto final de sua vida. E acredite cada parte da sua vida, encontramos inúmeras lições que devemos aplicar à nossa atuação como líderes e representantes de um povo escolhido por Deus, na certeza de que o mesmo Deus que agiu com Josué da mesma maneira que agiu com Moisés, é o mesmo Deus que vem ao nosso socorro dando-nos os aparatos necessários para procedermos segundo o seu querer.

À luz dessa compreensão te convido a refletir comigo um pouco sobre JOSUÉ, O PROGRESSO ESPIRITUAL DE UM LÍDER;

1. JOSUÉ, ANTES DO SEU CHAMADO – Êx 17.9-13

O nome de Josué aparece pela primeira vez num contexto militar. Foi numa batalha travada pelos hebreus depois que saíram do Egito. Os amalequitas ameaçavam os israelitas. O filho de Num (Josué) foi o guerreiro que levou o povo à vitória, quando lutou em favor de Moisés. Ele selecionou o exército, batalhou e venceu o inimigo. Representava todo o Israel, quando liderava o povo na batalha;

“Então Moisés disse a Josué, escolha alguns dos homens e lute contra os amalequitas... Josué foi então lutar contra os amalequitas conforme Moisés tinha ordenado” vv.9,10

“E Josué derrotou o exército amalequita ao fio da espada. Depois o SENHOR disse a Moisés; escreva isto em um rolo, como memorial, e declare a Josué que farei que os amalequitas sejam esquecidos para sempre debaixo do céu” vv.13,14

Como “auxiliar" de Moisés, subiu com ele ao monte Sinai (Êx 24.13). Sua preocupação quanto ao bem estar de Moisés o manteve afastado dos conflitos movidos por ciúmes e inveja que cercaram o grande legislador durante os anos no deserto. Em Números 11.28 essa preocupação fez com que ele protestasse contra alguns israelitas que profetizavam sem o reconhecimento de Moisés;

“Josué filho de Num, que desde jovem era auxiliar de Moisés, interferiu e disse; Moisés meu senhor, proíba-os”! Mas Moisés respondeu; você está com ciúmes por causa de mim?...”

Josué foi um dos doze espias enviados para conhecer Canaã (Nm 13.16) dez deles voltaram com um relatório negativo, de acordo com o qual seria impossível o povo conquistar a terra. Somente Josué e Calebe disseram que o lugar era bom e possível de ser conquistado (Nm 14.1-10). Uma praga ceifou a vida dos dez espias incrédulos. Josué e Calebe foram os únicos, de toda aquela geração de israelitas, que receberam uma promessa de entrar na terra e receber uma herança ali (Nm 14.6,30 e 38);

“Josué filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que haviam observado a terra, rasgaram as suas vestes... (v.6). Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num... (v.30). De todos os que foram observar a terra, somente Josué, filho de Num e Calebe, filho de Jefoné, sobreviveram (v.38).”

Esta bênção, bem como a associação prévia com Moisés, proporcionou o pano de fundo para as referências remanescentes de Josué no Pentateuco. Tudo isso enfatiza o papel dele, como sucessor de Moisés, na liderança do povo na terra prometida.

Como vimos amados, Josué surge no cenário de Israel como um soldado de guerra que numa batalha travada, sob o poder de Deus conquista a vitória. Como auxiliar do grande legislado, ocupou-se em cuidar do seu líder visando o seu bem e como um dos doze espias enviados à Canaã foi um dos dois a confiar inteiramente na promessa do SENHOR. Pelo que foi um que juntamente com Calebe entrou na terra da promessa, enquanto todos os outros morreram no deserto.

Como nos portamos na nossa jornada ministerial? Será se dependemos inteiramente de Deus esperando o momento certo em que o SENHOR nos levante para então podermos cuidar do seu rebanho, ou nos precipitamos e às forças queremos subir os degraus do ministério sem mesmo passarmos pelas árduas experiências da liderança?

Que seja o nosso agir como o de Josué, sempre aos pés de um grande líder. Como diz certo pensamento; “Eu aprendi, que a melhor escola é aos pés de uma pessoa idosa”. Com isso, o sucesso de Josué não poderia ser outro senão o de um grande líder a ficar no marco da história do povo hebreu, não como o grande libertador do seu povo da terra do Egito, mas como o grande conquistador da terra da promessa feita ao seu povo.

Tenhamos em mente queridos, que tudo o que aconteceu em favor de Josué foi o fato dele está sempre aos pés do seu senhor, Moisés, temendo e servindo o mesmo Deus. Isso fez com que, no fim da liderança de Moisés, o SENHOR lhe ordenasse comissionar Josué, como o seu sucessor.

“Josué, também atravessará à frente de vocês, conforme o SENHOR disse.” Dt 31.3

2. JOSUÉ, E SEU CHAMADO - Dt 31.3,7 e 8

“Então Moisés convocou Josué e lhe na presença de todo o Israel: Seja forte e corajoso, pois você irá com este povo para a terra que o SENHOR jurou aos seus antepassados que lhes daria... o próprio SENHOR irá à sua frente e estará com você, ele nunca o deixará, nunca o abandonará. Não tenha medo! Não desanime!” (vv.7,8).

É óbvio que não há melhor referência quanto ao chamado de Josué do que o primeiro capítulo do seu livro. Mas o que eu quero ressaltar aqui, é exatamente a semelhança dos conselhos de Moisés com as ordens de Deus bem como das promessas feitas nas duas referências, de Deuteronômio 31 e de Josué 1.

Perceba que o momento de Josué chegou. Moisés por ser velho de mais se sentia incapaz de continuar conduzindo o povo; “Estou com cento e vinte anos de idade e já não sou capaz de liderá-los.” (Dt 31.2). tal circunstancia propiciou a ascensão de Josué ao cargo de sucessor do grande legislador.

Como prova de que a responsabilidade não era cabível a qualquer um, tanto Moisés quanto o SENHOR lhe ordena que tenha coragem, força e ânimo. Na certeza de que o SENHOR estaria com ele, sem abandoná-lo nem desampará-lo.

Porém, não foi o simples fato de Josué auxiliar Moisés desde moço, pois certamente havia muitos outros homens que já haviam auxiliado o grande líder. Não foi o fato de Josué conquistar grandes batalhas, pois com ele, haviam também soldados bem capacitados para tramar estratégias de guerra e vencê-las.

A razão principal que levou o SENHOR a comissionar Josué como sucessor de Moisés, está bem explicito no texto abaixo;

“Ora, Josué, filho de Num, estava cheio do Espírito de sabedoria porque Moisés tinha imposto as suas mãos sobre ele. De modo que os israelitas lhe obedeceram e fizeram o que o SENHOR tinha ordenado a Moisés.” Dt 34.9

O Espírito de sabedoria que estava sobre ele. Este foi o fator que contribuiu para que Josué fosse não somente um mero substituto de um grande líder, mas um grande conquistador de uma grande terra para um grande povo. Sem a sabedoria vinda da parte de Deus por meio das mãos de Moisés, Josué seria apenas mais um. Porém, por sua perseverança, temor ao SENHOR, respeito e consideração à Moisés e coração íntegro diante de Deus, fez com que ao olhos do Deus de Israel Josué fosse levantado como o mais novo líder da nação escolhida de Javé.

Queridos líderes, pastores ou a quem aspira ao episcopado. O que te leva a pensar que será um líder espiritual bem sucedido por méritos de um diploma de formação superior, ou por algumas experiências sobre um determinado grupo de pessoas? Ou até mesmo devido ao fato de ter “padrinhos” de renome que supostamente podem indicar-te como um novo líder ou substituto de um grupo, de um campo ou igreja local?

Saiba que, na seara do Mestre muitos podem trabalhar, mas somente os que têm sobre si o Espírito de sabedoria é que sem sombra de dúvidas terão um ministério frutífero. Com lutas, mas com a certeza da vitória. Com provas, mas com a promessa de aprovação. Com desafios, mas com a certeza de que serão superados. Com dificuldades, mas com a certeza de que serão resolvidas. Com problemas, mas convicto de que serão solucionados. Com lágrimas, mas na esperança de que um dia elas serão enxugadas. Com dores, mas certo de que serão aliviadas.

Em fim, somente um homem ou mulher coberto pela sabedoria do alto é quem realmente poderão apresentar-se ao SENHOR com os seus frutos nas mãos. Como diz a Bíblia, quem ganha almas, sábio é. Necessitas de sabedoria? Peça-a, porém a Deus que a todos dá liberalmente, de boa vontade lhe será concedida (Tg 1.5)

3. JOSUÉ, APÓS O SEU CHAMADO – Js 1.11,16-17

“Assim Josué ordenou aos oficiais do povo... Então eles (os oficiais) responderam a Josué: tudo o que você nos ordenar faremos, e aonde quer que nos enviar iremos. Assim como obedecemos totalmente a Moisés, também obedeceremos a você. Somente que o SENHOR, o seu Deus, seja com você, como foi com Moisés.”

Não restam dúvidas de que os dois maiores desafios enfrentado por Josué após sua ascensão como líder da nação judaica, foram a tomada de Jericó e a travessia dom rio Jordão.

O texto acima relata as ordens de Josué aos oficias do povo para espiarem Jericó, que sem questionarem decidem sem restrições obedecerem á risca todas as ordens de Josué, sob uma única condição; “que o SENHOR, o seu Deus, seja com você, como foi com Moisés.”

Eles acreditavam no chamado de Josué. Jamais ousaria cometer o mesmo erro dos seus pais que peregrinaram no deserto durante quarenta anos até todos perecerem simplesmente por se levantarem contra Moisés e Arão. Tal castigo divino sérvio de lição para a geração que conquistaria a terra Cananéia. Em vez de questionarem, obedeceram. Decidindo ainda que; “Todo aquele que se rebelar contra as suas instruções e não obedecer às suas ordens, seja o que for que você ordenar, será morto.” 1.18.

Esta era a nova geração, o povo que Deus havia preparado no deserto, homens preparados para defenderem a sua nação confiando no Deus que os livrara da escravidão. Uma nação agora temente à Deus, que aprendeu a submeter-se à liderança pelo fato de estarem subordinados e direcionados pelo Espírito de sabedoria vindo de Deus.

Não somente a conquista de Canaã, mas a travessia do rio Jordão que transbordava em ambas as margens (3.15) que antecipou a tomada de Jericó; a descoberta do pecado de Acã; a destruição de Ai; A batalha em Gibeon, onde o sol parou dentre as muitas outras conquistas de Josué, foram resultados exclusivos de um líder temente a Deus e que deu ouvidos ao conselho de Moisés; “Seja forte e corajoso...” (Dt 31.7); o conselho de Deus; “Seja forte e corajoso...” (Js 1.6) e o conselho dos oficiais; “Somente seja forte e corajoso!” (Js 1.18).

Outra lição a ser seguida da vida de Josué, é que mesmo depois de velho, ele reconhece que todas as suas conquistadas são devidas ao SENHOR, o capítulo vinte e três do seu livro nos relata que já sendo velho em idade ele convoca todo Israel e disse; “Vocês mesmos viram tudo o que o SENHOR, o seu Deus, fez com todas essas nações por amor a vocês; foi o SENHOR, o seu Deus que lutou por vocês” (23.3).

Realmente não haveria maneira mais brilhante para Josué encerrar o seu ministério do que reconhecer todas as coisas que o SENHOR fez em seu favor e do seu povo. Iniciou dando ouvindo a voz do SENHOR, obedecendo as suas ordens, pedindo ao povo santidade, para que o SENHOR agisse em favor deles.

Com autoridade do céu, tomou Jericó e a sitiou. Antes, atravessou o Jordão transbordando a pé enxuto, fazendo com que a Arca da Aliança dividisse as águas do rio. E ao som de trombetas derrubou as fortes muralhas de Jericó. Temos essa autoridade ou nos escondemos somente atrás de um nome de uma grande Igreja, de uma denominação, de um bom salário, etc.? Deus nos chamou foi para exercermos autoridade. E esta autoridade é para ser usada em benefício do reino e na liderança do povo do SENHOR.

Somente iniciando bem, como Josué, é que terminaremos bem o nosso ministério. Na certeza de que foi o SENHOR quem lutou por nós e nos ajudou. Tome posse desses princípios meu irmão. Invista no seu ministério, ser forte e corajoso. Sofra as afrontas mas creia que Deus lutará por você.
CONCLUSÃO:

Josué era o guerreiro que lideraria os israelitas na vitória contra seus inimigos. Era o representante do povo diante de Deus e do sumo sacerdote Eleazar. Josué supervisionou a distribuição dos territórios às tribos. Era sucessor de Moisés. Nenhuma outra figura da Bíblia teve este papel especial. Para cumpri-lo, ele dirigiria o povo como Moisés fizera e os israelitas teriam experiências similares às que obtiveram sob a liderança de Moisés.

Como líder espiritual e militar do povo, Deus falou diretamente com ele, com as mesmas palavras que Moisés lhe dissera; “Esforça-te, e tem bom ânimo” (três vezes: Js 1.6-9). Liderou o povo na travessia do rio Jordão (Js 3 e 4), executou a circuncisão e celebrou a Páscoa (Js 5), liderou o exército na conquista Ed Jericó (Js 6), identificou e puniu o pecado de Acã (Js 7), liderou a vitória sobre Ai (Js 8), sobre a coalizão do Sul (Js 10) e do Norte (Js 11).

Como representante do povo diante de Deus, somente Josué recebeu as instruções divinas para a organização do povo (Js 1.1-9), etc. em fim, Josué foi o líder que deveria servir de padrão para todos os líderes dos dias hodiernos.

Se os líderes das igrejas do século XXI seguissem esse padrão de liderança, haveria mais pastores em vez de mercenários; mais igrejas em vez de mero ajuntamento; mais palavra e menos barulho; mais ovelhas em vez de bodes; mais conversões seguidas de transformação em vez de simples comoção; mais espiritualidade em vez de falsidade; mais restauração e menos feridas; mais contribuição e não extirpação, etc.

Somente um líder com esse progresso poderá encerrar seu ministério na certeza de que não só ele, mas que os seus liderados também seguiram os seus passos, deixando assim, rastros de piedade, seriedade, obediência e santidade perante o SENHOR.

“Passado algum tempo, Josué, filho de Num, servo do SENHOR, morreu. Tinha cento e dez anos de idade... Israel serviu ao SENHOR durante toda a vida de Josué e dos líderes que lhes sobreviveram e que sabiam de tudo o que o SENHOR fizera em favor de Israel. Js 24.31.

Que o Deus do grande líder Moisés e do seu discípulo sucessor, Josué, o Deus de Israel nos ensine e nos ajude a depender inteiramente dele progredindo espiritualmente na certeza de que a nossa responsabilidade como líderes obterá os resultados necessários decorrentes das promessas de obediência á sua Palavra.

AMÉM!

Seminarista Járber SOUSA
Vargem Grande Paulista,SP.
23 de Março de 2010