I.
ENTENDENDO O QUE É UMA IGREJA
1.
Vislumbres no A.T.
No AT todo ajuntamento
é visto como uma assembleia. Um dos termos usado no AT dá-os a ideia de uma multidão ou grupo que se reúne
especialmente para culto. Em relação ao povo de Deus, isso inclui a ideia
de uma reunião em resposta ao chamado de
Deus (Êx 35.1; Nm 20.4,6).
2.
Conceito do N.T.
Já no NT testamento
vemos a formação propriamente dita da Igreja através;
a. Recrutamento
dos discípulos – ‘pescar homens’
b. A
proclamação de Mt 16.18 – ‘pedra fundamental’
c. O
Pentecostes – ‘inauguração’
Razões porque os
discípulos não podem ser chamados de ‘igreja’ antes do pentecostes:
a. A
dispensação ainda era da Lei
b. Cristo
ainda não havia morrido
c. O
Espírito santo ainda não havia descido. A sua história começa em Atos com a
descida do Espírito Santo.
A primeira vez que o
termo aparece no NT é em Mateus 16.18, ekklhsian (ekklesia),
ek significa fora e kalew que
significa chamar ou convocar (VICENT, Vol.1, p.78). Originalmente significa uma assembleia solene de cidadãos,
regularmente convocada. Significa também uma congregação local como a igreja em Roma, em Corinto, em Éfeso e
etc; a totalidade de crentes que vivem em
determinado lugar, ou ainda uma
comunidade dos redimidos, ou seja, a igreja invisível e universal (1
Co 12.28; 15.9).
Mark Dever conclui que,
um grupo de homens e mulheres, jovens e idosos, negros e brancos, asiáticos e
africanos, ricos e pobres, iletrados e instruídos, com todos os seus diversos
talentos, dons e capacidades, que se reconheçam salvos somente pela graça, são
ingredientes essenciais que formam uma igreja.
II.
ENTENDENDO QUAL O PROPÓSITO DA IGREJA
a.
Deus chamou Abraão de sua terra (Gn 12.1) para viver separado para sí (Gn
17.1), fazendo dele um povo, Israel.
b.
Israel é escravizado no Egito até
que foi tirado para fora do Egito para atravessar o deserto e tomar posse da
terra de Canaã (Êx 3.8);
c.
Chamou os discípulos para estarem com ele e pregarem o evangelho (Lc 3.14);
d.
Chamou também a igreja, formada de judeus e gentios
antes separados (Ef 2.12-14), mas aproximados pelo sangue de Cristo. Tirados
para fora do sistema mundano fazendo dela (igreja) uma “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamar as
virtudes daqueles que a chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1
Pe 2.9), ou seja, anunciar o estilo de vida adequado ao Reino de Deus.
e.
Deus criou Adão e lhe conferiu responsabilidades; cuidar do jardim, nomear os animais, procriar e povoar a terra,
etc.
f.
Cristo convoca os discípulos, cuja responsabilidade era pescar homens, curar os enfermos,
expulsar os demônios.
g.
Em Atos, vemos a igreja em ação cumprindo com a sua
responsabilidade;
Ø Começando
com Pedro que após um sermão, cerca de três mil pessoas se convertem ao
evangelho (At 2.41);
Ø Mais
adiante a igreja já contava com aproxidamente cinco mil pessoas (At 4.4);
Ø No
capítulo 9.31 a Igreja crescia em número;
Ø Lucas
encerra o seu relato em Atos 28.31 afirmando que Paulo pregava o reino de Deus, e, com toda intrepidez, sem impedimento algum,
ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo.
Este é o verdadeiro
propósito da igreja, ganhar almas, anunciar o reino e ensiná-las a viver o estilo de vida deste reino. Lamentavelmente,
muitos confundem igrejas grandes com igrejas saudáveis; templos lotados com
igrejas em crescimento; adesão de pessoas com conversão de almas. Uma igreja só
é genuinamente igreja, se ela cumprir com o propósito para a qual foi chamada: anunciar as virtudes daqueles que lhe chamou
das trevas para a luz (1Pe 2.9).
III.
ENTENDENDO O QUE É O REINO
A pregação de João
Batista era: “arrependei-vos, porque está
próximo o reino de Deus” (Mt 3.2). Em seguida vem Jesus proclamando: “Arrependei-vos pois o reino de Deus está
próximo” (Mt 4.17); o tema central
da mensagem do Messias era o Reino de Deus;
Ø Seus
ensinos visavam mostrar aos homens como entrar no reino de Deus (Mt 5.20);
Ø Suas
obras poderosas pretendiam provar que o Reino de Deus chegara a eles (Mt
12.28);
Ø Suas
parábolas ilustraram para seus discípulos a verdade a respeito do Reino de Deus
(Mt 13.11);
Ø Ele
ensinou os seus discípulos a orarem, no cerne do pedido deles estavam as
palavras: “venha o teu Reino” (Mt
6.10);
Ø Ele
prometeu voltar em glória trazendo as bem-aventuranças do Reino (Mt 25.31,34).
Para Dr. Ladd, o Reino
de Deus é basicamente o governo de Deus.
É o reinado de Deus, a soberania divina
em ação. Envolve os três tempos; entrou no tempo e no espaço através de
Jesus; é um domínio no qual os homens entram nele no presente; será recompensa
final, a herança que Deus dará a seus filhos no futuro.
Para isso fomos chamados,
com o propósito de propagar esse Reino, devemos cumprir com a nossa
responsabilidade cumprindo o ide que nos foi comissionado. Conforme a igreja
cresce, o Reino cresce e se estende no mundo. À medida que a igreja proclama o
evangelho por todo o mundo, ela estende o Reino de Deus.
Uma visão otimista
defende que a missão da igreja é ganhar o mundo inteiro para Cristo e, assim,
transformar o mundo no Reino de Deus. É verdade que o Reino é estabelecido pela
proclamação do evangelho pela igreja.
1.
O Reino de Deus segundo as Escrituras
a. O Reino de Deus é uma realidade
espiritual presente – Rm 14.17
“Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo”.
a. É um domínio no qual os seguidores
de Jesus já entraram – Cl 1.13
“Ele nos resgatou do império das trevas, e nos transportou para o reino
do seu Filho amado.”
b. É ao mesmo tempo, a herança que
Deus concederá a seu povo quando Cristo vier em glória – Mt 25.34
“Venham
benditos de meu Pai! Recebam por herança o Reino que lhes foi preparado desde a
criação do mundo.”
c. É um domínio futuro no qual
precisamos entrar quando Cristo voltar – Mt 8.11
“Muitos
virão do oriente e do ocidente, e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó
no Reino dos céus.”
IV.
CONHECENDO O REI DO REINO; Is 6.9,10
“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o
governo está sobre os seus ombros; [...] para que se aumente o seu governo,
e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o
estabelecer e o firmar mediante o juízo e justiça, desde agora e para sempre.”
Jesus não foi só o
caminho para o reino, mas também o mensageiro que anunciou a chegada do Reino
na terra. O propósito de Jesus era duplo; proclamar
a chegada do Reino de Deus e, com seu sangue, prover a entrada no Reino para todos que viessem.
1.
A missão do Rei
A
missão de Jesus consistiu de cinco objetivos específicos
Ø Ele
veio reintroduzir o reino na terra
para os homens;
Ø Ele
veio restaurar a retidão e a
santidade da humanidade;
Ø Ele
veio restaurar o Espírito Santo no
homem;
Ø Ele
veio treinar novamente o homem para a liderança do reino;
Ø Ele
veio restaurar o governo do reino
através da igreja, para devolver a
administração do Reino na terra aos reis terrenos.
2. Aspectos inerentes
do Rei
O rei é a fonte suprema
de autoridade do reino e através da sua autoridade estabelece o reino. Aqui
estão algumas qualidades exclusivas de um rei:
Ø Um
rei nunca chega ao poder por votação;
Ø A
autoridade do rei pelo direito de nascença;
Ø Um
rei não pode ser deposto por votação;
Ø A
palavra de um rei é a lei do seu território;
Ø Um
rei possui pessoalmente tudo em seu domínio;
Ø Um
decreto do rei é imutável;
Ø O
rei escolhe quem será cidadão do seu reino;
Ø O
rei incorpora o governo em seu reino;
Ø A
presença do rei mede sua riqueza pela riqueza da sua propriedade;
Ø O
nome do rei é a essência do seu poder.
V.
CONHECENDO O REINO DO REI
Muitos reinos já
surgiram no mundo, e todos eles possuíam determinadas características comuns.
1.
Os componentes de um reino
Ø Um
Rei e Senhor – um soberano;
Ø Um
território – um domínio;
Ø Uma
constituição – um contrato real;
Ø Cidadãos
– a comunidade dos súditos;
Ø Uma
lei – princípios aceitáveis;
Ø Privilégios
– direitos e benefícios;
Ø Um
Código de Ética – estilo de vida e
conduta aceitáveis;
Ø Um
exército – segurança;
Ø Uma
cultura social – protocolo e
comportamento.
2.
Um contraste entre Reinos
Das inúmeras diferenças
entre o reino deste mundo e o Reino de Deus, quero destacar apenas a que julgo
essencial para a ocasião, a diferença entre um governo democrático e um Reino
Teocrático;
a. Sistema democrático de governo ou
República
Nós que nascemos numa
sociedade democrática temos dificuldades em compreender o conceito de um reino.
Pela mesma maneira que temos dificuldade em compreender a Bíblia, porque a
Bíblia não trata de democracia.
A democracia é invenção
humana que surgiu na Grécia antiga como produto do pensamento de filósofos
gregos. O conceito ou estilo de governo democrático não veio da Bíblia. A
Bíblia ensina sobre um reino governado por Deus, teocrático.
Viver com êxito no
Reino de Deus requer de nós uma inversão mental completa. Jamais poderemos ser
cidadãos eficazes do Reino de Deus pensando democraticamente. As primeiras
palavras registradas no ministério de Jesus são sobre isso; “Daí em diante Jesus começou a pregar:
arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo”. (Mt 4.17)
Literalmente falando,
arrepender-se significa parar, voltar-se e ir para o sentido oposto.
b. Sistema de governo de um Reino
Reino e democracia são
dois mundos totalmente diferentes.
Ø Na
democracia quem decide é o povo;
Ø No
Reino quem decide é o Rei;
Ø Na
democracia as leis são discutidas de acordo com o que pensamos e opinamos;
Ø No
Reino, a Palavra do Rei é a Lei, não está aberta para discussão;
Ø Na
democracia os cidadãos protestam para incitar mudança de leis;
Ø No
Reino isso não acontece. A Palavra de Deus é absoluta;
Ø Na
democracia o adultério não é crime;
Ø Na
“Constituição” do Reino no Art. Do Êxodo, seção 20, subseção 14 é pecado;
Quando compreendemos
essa vital diferença, estaremos aptos para vivermos como cidadãos do Reino.
Deus é Rei, e não o presidente. Nós não o elegemos, então, nós não podemos
destituí-lo. Pensemos como cidadãos do Reino e não como democratas.
VI.
CONHECENDO OS SÚDITOS E EMBAIXADORES DO REINO
“Eu
lhes designo um Reino, assim como meu Pai o designou a mim”. (Lc
22.29)
Esta afirmação é usada
sempre na nomeação de um representante oficial de um governo e outras nações.
Esta é a posição de um embaixador. Esta não é uma designação religiosa, mas
governamental.
Já que Cristo nos
designou um reino, então somos representantes dele, embaixadores deste Reino; “Portanto somos embaixadores de Cristo, como
se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio”. (2 Co 5.20).
Características
de um embaixador
Ø É
indicado pelo Rei, e não votado para o cargo;
Ø É
indicado para representar o estado ou o reino;
Ø É
comprometido somente com os interesses do reino;
Ø Personifica
a nação-estado ou reino;
Ø É
responsabilidade do estado;
Ø É
protegido totalmente por seu governo;
Ø Nunca
se torna um cidadão do estado ou do reino a que é designado;
Ø Pode
ser chamado de volta somente pelo rei ou pelo presidente;
Ø Tem
o acesso a toda riqueza de sua nação por atribuição;
Ø Nunca
fala a sua posição pessoal, somente a posição oficial da sua nação; e,
Ø Seu
objetivo é influenciar o território para o governo do seu reino.
Todas estas qualidades
e características estão embutidas na mensagem e no ministério do Reino de Deus
e exemplificadas perfeitamente por nosso Embaixador Chefe (Secretário de
Estado) Jesus Cristo.
CONCLUSÃO
Jamais esqueçamos,
somos embaixadores de nosso governo celestial, representando o pensamento, o
propósito e intenção do nosso governo em relação à terra, de modo que seu Reino
venha e sua vontade seja feita na terra como é no céu.
Cumpramos com a nossa
missão falando somente o que o nosso governo nos manda. Não o que achamos ou
pensamos, mas o que de fato é Lei no governo de Deus. vá e seja um embaixador
do governo do céu, não de uma religião. Estude sua constituição, a Bíblia, para
saber e compreender a posição do seu governo sobre todas as questões
pertinentes à vida.
Que
o Rei dos reis nos abençoe na nossa missão. Amém!
Soli Deo Glória!
Pr.
Járber Sousa em 25/02/14
AD-Bacabal em 28/02/14
Disponível em:
www.jarbersousa.blogspot.com
ANDRADE, Claudionor. Verdades
centrais da cristã. Rio de Janeiro, CPAD, 2006.
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DEVER, Mark. O que é
uma igreja saudável. São José dos Campos, Ed. Fiel, 2009
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FERREIRA, Franklin. Teologia
Cristã. São Paulo, Vida Nova, 2011
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LADD, George E. O
Evangelho do reino. São Paulo, Shedd Publicações, 2008.
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MUNROE, Myles. Redescobrindo
o reino. São Paulo, Reino Editorial,2007.
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