segunda-feira, 1 de junho de 2015

O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA E OS SEUS FUNDAMENTOS - João 1.15-34


INTRODUÇÃO
João Batista é um dos personagens mais interessantes do Novo Testamento. Como percussor do Messias ele tem muito a nos ensinar sobre a motivação do nosso testemunho cristão aos que não conhecem o salvador.
Vivemos dias trabalhosos em que parte dos que se consideram ‘igreja’ não pregam a Verdade e por isso não vivem a essência do evangelho conforme nos diz as Escrituras. Diferente de Paulo, que se tornou um grande pregador do Evangelho após seu conhecimento pessoal de Cristo (At 9), o profeta João Batista transmitiu aos homens do seu tempo verdades vitais sobre o Messias, mesmo antes de tê-lo conhecido (v.31).
A semelhança de João Batista e dos discípulos de Jesus, nós também fomos chamados para sermos testemunhas de Jesus (At 1.8). é dever nosso transmitirmos a verdade como ela é e está registrada na Bíblia. O Evangelho como poder de Deus só pode ser testemunhado com veracidade se for testificados por verdadeiras testemunhas que conhecem a natureza do seu chamamento e por isso, assim como João Batista, vive os seus dias na terra “clamando no deserto” (v.23) exortando aos pecadores sobre a vinda do Messias.
É sobre esta voz, este testemunho, seus fundamentos e a sua atualidade para a igreja atual.
Analisando o texto em estudo, podemos observar que em primeiro lugar, o testemunho de João Batista estava alicerçado:
1. NA COMISSÃO DIVINA – v.6;
            “Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João”.
Esse é o testemunho do discípulo amado, o apóstolo João. Ele apresenta João Batista como sendo enviado de Deus. Comissionado oficialmente pelo Senhor para uma missão específica; endireitar o caminho do Senhor.
Mas não somente o apóstolo, o próprio João Batista tinha conhecimento da comissão divina. Quando questionado pelos sacerdotes enviados de Jerusalém sobre que ele tinha a dizer sobre ele mesmo, João responde enfaticamente; “Eu sou a voz do que clama no deserto” (v.23). Após o batismo de Jesus, João batista declara novamente a convicção que tinha da sua comissão; “Eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar...”.
Percebemos então, queridos, que uma das bases da nossa pregação e testemunho de Cristo deve estar alicerçado na vocação divina. Quando Deus envia, ele se responsabiliza. Quem não é chamado, não pode ser enviado. Assim como Jesus fez com os seus discípulos; “chamou os que ele mesmo quis” para depois os “enviar para pregar” (Mc 3.13,14), também fez conosco. Somos comissionados para sermos testemunhas fieis do Salvador, do Messias esperado.
Precisamos, assim como João Batista, sustentar a nossa pregação na convicção do nosso chamado. Todos quantos o receberam podem testemunhar da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. O nosso testemunho do Salvador precisar estar bem fundamento, não no que nós achamos ou pensamos; ou simplesmente no que nos falaram a respeito dele, mas na certeza de que fomos chamados por Deus para sermos testemunhas da Verdade.
Somente os que foram realmente comissionados por Deus, compreendem o valor do imperativo; “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).
Uma vez conhecendo a natureza do seu chamado, João Batista prega a sua mensagem como veemência sustentada em outras verdades, como por exemplo:
2. NA PREEXISTÊNCIA DE CRISTO – v.15;
João, no seu testemunho afirma: “o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim”.
Em outras palavras, João estava dizendo “o meu sucessor é o meu antecessor”. Jesus viria em forma humana, mas já existia desde a eternidade. Esta verdade é destacada nos primeiros versos do evangelho deo apóstolo João.
No princípio:
  • Jesus estava com Deus – vv.1,2;
  • Jesus era Deus – v.2;
  • Jesus é antes de todas as coisas, razão pela qual tudo foi feito por ele – vv.3,10.

João Batista tinha a plena convicção de que a essência da sua pregação, o Messias, era antes de todas as coisas, eterno. Esta afirmação se apoia no verso 30, quando o Batista reforça a sua certeza a respeito da preexistência de Jesus. João não foi comissionado para testemunhar de alguém não eterno, limitado e finito. Deus o enviou para testificar daquele que existe desde a eternidade, Jesus.
O testemunho de João reflete sua confiança nesta verdade ao destacar três pontos importantes acerca de Cristo que nos levam a entender porque o Verbo é preexistente:
1.       Porque Cristo é Deus – v.18;
Esta é uma verdade da qual o evangelista não deixa dúvidas (vv.1-3). Semelhantemente, João Batista ao se referir a Jesus como sendo o “Deus unigênito que está no seio do Pai”. Esta expressão corresponde à outra, “Filho unigênito” (3.16) em muitas outras variantes do texto sagrado. Com esta declaração, João Batista testemunha que o Cristo é tanto “unigênito”, como também “divino”.
Somente um Ser divino por natureza pode ser preexistente. Como ele, outro não há, razão pela qual ele é “unigênito.
Outro ponto importante que nos permite entender a sua preexistência é;
2.       Porque Cristo é superior – 27;
A superioridade de Cristo é outra verdade que sustenta o testemunho de João Batista. Além de reconhecer que foi comissionado por Deus aceita também o fato dele ser inferior, e não igual ou maior do que aquele a quem ele veio anunciar.
Jesus é superior por que é Deus desde a eternidade (vv.1,2); porque é criador de todas as coisas (3,10); porque cheio de glória e o unigênito do Pai (v.14). Sabendo destes fatos, João Batista não poderia testificar de outra coisa a não ser que ele é o menos dos “escravos” ao declarar que não é “digno de desatar-lhe as correias das sandálias”.
Desatar as sandálias, como registrado no evangelho joanino ou carregar as sandálias, como escrito por Mateus em 3.11 era um trabalho destinado aos escravos. João estava com isto dizendo que não era digno de se quer cumprir com seus deveres de escravo mais vil em comparação com a grandeza da posição de Jesus. Isto nos leva a entender que somente um ser superior a tudo e a todos, pode ser preexistente.
Por seu Deus e superior, João testemunha por duas vezes  que estas são razões pela qual ele, Jesus, é digno de toda a primazia.
3.       Por isso tem a primazia – 15,30;
Nestes dois versículos, João Batista testemunha por duas vezes e com as mesmas palavras que Jesus tem a primazia por existir antes dede. João entende que sendo Deus superior a todas coisas deve ter a primazia em tudo. Por isso, ele testemunha com tanta veemência na pregação a respeito do Verbo divino.
A compreensão que temos do Deus a quem anunciamos define se o fundamento da nossa pregação é sólido ou vulnerável. Um testemunho de alguém que é preexistente por ser Deus, superior e que é digno de toda a primazia sem dúvidas é bem alicerçado. Verdade incontestável sobre o Salvador que anunciamos aos pecadores que nos ouvem, suficiente para torna-los filhos de Deus (v.12).
Cumpramos a nossa tarefa de sermos testemunhas do único Senhor, suficiente para salvar a todos quantos venham crer no seu nome. Pois pregamos um Cristo único, singular e verdadeiro.
A pregação de João estava fundamentada não somente no que ele sabia sobre o seu chamado e sobre o Verbo, mas:
3. NA EXPERIÊNCIA PESSOAL – vv.16;
Muitos baseiam seu testemunho de fé num mero conhecimento teórico e superficial. Sabem que Jesus é Deus, mas nunca experimentaram o seu poder. Pregam que Jesus é o Senhor, mas não se deixam governar por ele. Anunciam que ele é salvador, mas nunca passaram pela experiência do novo nascimento. Pregam, mas não vivem.
João Batista não sabia de forma simples sobre o Messias. Ele havia recebido informações do próprio Deus: “Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água, me disse....” (v.32). João experimentou um conhecimento que veio do próprio Deus. E isto corresponde ao que ele já havia declarado no verso 18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”.
Percebemos nitidamente que João vivia uma experiência fundamentada no que ele havia recebido de Deus. Observe que ele diz no verso 16: “Porque todos nós temos recebido de sua plenitude e graça sobre graça”. É claro que ele não se referia à graça salvadora, mas a graça divina manifestada sobre eles. E que gradativamente poderia se tornar abundante na vida de que recebesse a Cristo como o Messias.
A expressão graça sobre graça nos fala de um suprimento sempre mais crescente da parte de Deus sobre nós. João havia experimentado dessa graça e por isso testemunhava com convicção sobre aquele por meio de quem viria a graça e a verdade (v.16).
Precisamos experimentar diariamente da graça de Deus sobre nossas vidas para termos condições suficientes para testemunharmos da verdade. Falar com precisão sobre o que sabemos de Cristo. Dizer que Jesus salva e com nossa vida mostrarmos que já fomos salvos; que Jesus perdoa porque nos perdoou; que ele leva para o céu, porque cremos que ele fará isso. Transmitir com confiança a verdade aos pecadores que precisam de provas do nosso testemunho. E o nosso testemunho da verdade só será eficiente, se já tivermos experimentado na vida o que anunciamos.
Por fim, o último ponto que desejo compartilhar sobre os fundamentos da pregação ou do testemunho de João Batista é a sua convicção:
4. NA MISSÃO DIVINA DE JESUS – v.29;
João Batista não poderia ter segurança em anunciar alguém que ele não soubesse o que faria. Ele não somente testificou sobre quem era o Messias e sua superioridade, mas também a sua missão na terra: “...viu João a jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de deus, que tira o pecado do mundo!”.
Era esta a verdade de que o mundo estava precisando. De alguém que perdoasse os seus pecados e os libertasse da condenação e não somente os libertasse do poder do império Romano.
Esta missão de Jesus reflete a manifestação do próprio Deus entre os homens (v.14). Somente como Emanuel, sendo Deus presente, Jesus poderia salvar dos pecados e da morte. O anjo Gabriel deixou isso bem claro a José (Mt 1.21) e a Maria (Lc 1.30) sobre a missão de Jesus, sobre salvar dos pecados.
Não era uma propaganda enganosa, um anuncia que requeria conveniência, mas arrependimento e fé daqueles que buscavam a salvação.
É esta a verdade que o mundo precisa e que a teologia da prosperidade não tem. Antes, pregam um Cristo que dar vida “boa” sem sofrimento e sem pobreza, e não um Jesus que salva e liberta, que cura e dá vida. Os seguidores da teologia da prosperidade testemunham que receberam bens, riquezas e fama. Mas os que testificam da missão de Jesus, testemunham que receberam o perdão dos pecados, a certeza da salvação e a esperança da vida eterna.
CONCLUSÃO
João Batista teve o seu ministério interrompido na terra ao ser decapitado (Mt 14:1-12; Mc 6:14-29 e Lc 9:7-9), mas, nem mesmo a morte apagou o seu legado, a persistência em testemunhar do que sabia e havia recebido de Deus. Tiraram a sua cabeça do corpo, mas não a sua pregação dos corações dos que creram. Tiraram a sua vida na terra, mas não a certeza da vida eterna que ele havia encontrado naquele a quem anunciara durante o seu ministério no deserto.
Precisamos de testemunhas como João Batistas em nossos dias. Homens e mulheres que tenham a certeza de quem foram comissionados por Deus para serem testemunhas de um Deus único e que tenham como fundamento do seu testemunho a experiência vivida por quem já aceitou a Cristo como Salvador.
Que a nossa fé e testemunho estejam sempre alicerçados nesta verdades aqui estudadas; na convicção do nosso chamado; na convicção de o Salvador de quem somos testemunhas é eterno; na nossa experiência de sermos alvos das graça de Deus e na convicção de que a missão de Cristo não é outra senão, tirar o pecado do mundo, buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). João testemunha que de fato Jesus é o Filho de Deus (v.34), somente o Filho de Deus é quem pode libertar o homem dos seus pecados e dá-los a vida eterna (3.16,17).
Sejamos, pois, irmãos, testemunhas fieis do Jesus Cristo, pregando a verdade em todo o tempo e lugar. Sendo fieis às nossas convicções segundo as Escrituras, pois somente um testemunho segundo as Escrituras (1Co 15.1-4) será o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.
Que o Senhor Jesus nos guarde no seu amor. Amém!
Pr. Járber Sousa
Em 25 de maio de 15